Angus Stewart |
(Traduzido de avoidjw) Este é o Estudo do Caso 54 da
Comissão Real Australiana. O Estudo deste caso diz respeito às respostas das
Testemunhas de Jeová e da filial australiana às alegações, denúncias e queixas
de abuso sexual de crianças dentro da organização. O estudo do caso 29 ocorreu
em Julho e Agosto de 2015. O relatório foi entregue no Parlamento em 28 de
Novembro de 2016.
Entre outros assuntos, o
Estudo do Caso 29 indagou sobre as experiências de alguns sobreviventes de
abuso sexual infantil dentro da organização das Testemunhas de Jeová. Isso
envolveu a análise dos sistemas, políticas e procedimentos existentes na
organização para investigar e responder a alegações de abuso sexual de crianças
e para a prevenção desse abuso.
A Comissão Real Australiana descobriu
que as Testemunhas de Jeová não responderam adequadamente ao abuso sexual
infantil e não protegeram adequadamente as crianças contra o risco de abuso
sexual. Em particular, a Comissão Real considerou problemáticas as seguintes
políticas e práticas como formas de responder ao abuso sexual de crianças:
1 - A organização não tem uma
prática de relatar abuso sexual de crianças à polícia ou qualquer outra
autoridade.
2 - Antes de 1998, exigia-se que
um sobrevivente do abuso sexual de criança fizesse sua acusação na presença de
seu abusador.
3 - Se o acusado não confessar, há
uma exigência inflexível de que haja pelo menos duas testemunhas oculares de um
incidente de abuso sexual de crianças, ou duas ou mais testemunhas de um
incidente diferente, antes que o acusado possa ser julgado pelo seu sistema
disciplinar interno. Isso é conhecido como "a regra de duas
testemunhas".
4 - As mulheres estão ausentes do
processo decisório do sistema disciplinar interno.
5 - Não existe disposição clara
para que um sobrevivente seja acompanhado por uma pessoa de apoio durante o
processo disciplinar interno.
6 - A organização tem práticas
limitadas e ineficazes de gerenciamento de risco.
7 - A organização tem uma política
e prática de evitar socialmente aqueles que desejam deixar a organização,
incluindo os sobreviventes de abuso sexual infantil.
Representantes das Testemunhas
de Jeová fizeram uma série de compromissos em relação às reformas propostas às suas
políticas e procedimentos de proteção à criança. Estes incluem:
- Relatórios obrigatórios
- Agrupamento de múltiplas fontes de políticas e procedimentos em uma fonte de fácil utilização, não só para os anciãos, mas também para os sobreviventes e os pais.
- Rever o papel das mulheres na investigação do abuso sexual de crianças.
As questões acima foram
exploradas durante o Estudo do Caso 54. A audiência também examinou as ações
tomadas pelas Testemunhas de Jeová em resposta às constatações, recomendações e
compromissos assumidos durante o Estudo do Caso 29.
Inquérito
referente ao Caso 54
No Estudo do Caso 54, a
Comissão Real questionou sobre:
- Políticas e procedimentos atuais em relação à proteção da criança e padrões seguros para crianças, incluindo responder a alegações de abuso sexual infantil
- Fatores que podem ter afetado negativamente a resposta institucional ao abuso sexual infantil
- Respostas das Testemunhas de Jeová e da filial australiana ao Estudo do Caso 29 e a outros Relatórios da Comissão Real
- Como as Testemunhas de Jeová e a filial australiana abordaram ou propõem abordar cada um dos elementos que a Comissão Real considera necessários para criar uma instituição segura para crianças
- A questão da indenização e as respostas das Testemunhas de Jeová e da filial australiana a reclamações civis por sobreviventes de abuso sexual de crianças.
Representantes
das Testemunhas de Jeová para o Estudo do Caso 54
A Comissão Real ouviu dois representantes
das Testemunhas de Jeová: Terrence John O'Brien, um diretor e coordenador da
Comissão de Filial da Austrália, e o Sr. Rodney Spinks, um ministro do
Departamento de Serviço da filial australiana.
O Corpo Governante das
Testemunhas de Jeová está sediado nos Estados Unidos da América. Em razão disso,
a Comissão Real não tinha competência para obrigar um membro do Corpo
Governante a prestar depoimento. No entanto, em 16 de janeiro de 2017, a Comissão
Real escreveu à filial australiana solicitando que um membro do Corpo
Governante estivesse disponível para prestar depoimento na audiência,
pessoalmente ou por videoconferência. Em 31 de janeiro, a filial australiana
informou à Comissão Real que um membro do Corpo Governante não estaria
disponível para dar depoimento. Trata-se de uma questão de considerável pesar,
dado o grau em que a filial australiana está sujeita ao controle do Corpo
Governante em matéria de política, procedimentos e práticas.
Respostas
& Evidências apresentadas pelas Testemunhas de Jeová
A Comissão Real ouviu que, em
resposta ao Estudo do Caso 29, as Testemunhas de Jeová revisaram, esclareceram,
refinaram e consolidaram suas políticas e procedimentos sobre abuso sexual de
crianças para assegurar, como dizem, a segurança de crianças, tanto que
qualquer Testemunha de Jeová pode reagir satisfatoriamente, de acordo com suas
crenças baseadas na Bíblia.
A Comissão Real foi informada
pelos representantes de que, desde o Estudo do Caso 29, as Testemunhas de Jeová
publicaram dois novos documentos. Estes novos documentos, juntos, descrevem
como a organização é segura:
- Foi enviada uma carta datada de 1 de Agosto de 2016, intitulada "Proteger menores contra o abuso”, a todos os Corpos de Anciãos de todo o mundo. Esta carta destina-se a ajudar os anciãos a responder a alegações de abuso sexual de crianças.
- As Diretrizes de Proteção à Criança para o Departamento de Serviço de Filial foram enviadas para filiais em todo o mundo. Este documento de orientação tem por objetivo promover o cumprimento das políticas e procedimentos registrados na carta de 1 de Agosto de 2016.
Além disso, a Comissão Real
ouviu que as Testemunhas de Jeová publicaram e distribuíram artigos e vídeos
para educar os pais e as crianças sobre os perigos do abuso sexual infantil e
para promover a segurança das crianças. A filial australiana forneceu à
Comissão Real um documento intitulado "Política de Proteção à Criança das Testemunhas de Jeová na Austrália". Entende-se que é uma política recentemente
adotada para distribuição às congregações na Austrália.
A Comissão Real examinou a
adequação dessas políticas. Eles ouviram que há uma diferença no nível de
detalhes da política comunicada ao Departamento de Serviço e aos anciãos, em
comparação com as congregações.
Falhas
de conformidade destacadas no Estudo do Caso 54
A Comissão Real ouviu dos
representantes que as Testemunhas de Jeová acreditam que não existem
impedimentos para desenvolver e implementar respostas para a maioria das
preocupações apresentadas pelo Estudo do Caso 29. Apesar dessas evidências, a
Comissão Real constatou que as Testemunhas de Jeová não conseguiram responder
satisfatoriamente a muitas dessas recomendações:
1 - Políticas escritas devem
declarar claramente que a alguém que se declara vítima de abuso sexual infantil
não mais se exigirá que enfrente o abusador e que os membros devem ser
informados deste direito.
- Embora esta política tenha sido alterada em conformidade, só foi comunicada aos anciãos e não aos membros gerais das Testemunhas de Jeová.
2 - As Testemunhas de Jeová devem
revisar e modificar sua aplicação da regra de duas testemunhas em casos
envolvendo queixas de abuso sexual infantil.
- As Testemunhas de Jeová acreditam que são proibidas pelas Escrituras de alterar sua aplicação da regra de duas testemunhas.
3 - As Testemunhas de Jeová devem
explorar maneiras de envolver as mulheres na investigação e na avaliação da
credibilidade das alegações de abuso sexual infantil.
- As Testemunhas de Jeová continuam a restringir a participação das mulheres na apresentação de queixas aos anciãos e no apoio a vítimas.
4 - As Testemunhas de Jeová devem
formalmente documentar sua política para permitir que os sobreviventes tenham
uma pessoa de apoio presente durante o processo disciplinar interno.
- Nas novas diretrizes para o Departamento de Serviço das filiais consta que os menores agora têm o direito de ter um adulto presente (mesmo que não seja um dos pais) com eles durante um interrogatório numa investigação de suspeita de abuso sexual infantil.
- As políticas permanecem vagas no que diz respeito à prestação de apoio a menores sobreviventes de abuso, que não seja a mãe durante a fase de inquérito.
- As políticas permanecem vagas quanto à prestação de apoio a qualquer sobrevivente que compareça a uma comissão judicativa.
5 - Reportar às autoridades todas
as alegações de abuso sexual de crianças quando a vítima é menor ou existe um
risco contínuo para as crianças; e que eles procuram ativamente o consentimento
de vítimas adultas para relatar seu suposto abuso sexual infantil às
autoridades.
- As Testemunhas de Jeová cumprem as leis obrigatórias.
- Em suas políticas agora constam que a vítima e seus pais têm o direito absoluto de relatar uma acusação às autoridades.
6 - A Comissão Real descobriu que
a prática das Testemunhas de Jeová de evitar os membros que se dissociam da
organização coloca potencialmente os sobreviventes de abuso numa posição
insustentável.
- Embora não seja a política das Testemunhas de Jeová evitar uma vítima de abuso sexual infantil, a organização não aboliu a prática particularmente devastadora de evitar os sobreviventes que se dissociam da organização por causa de seu abuso.
Elementos
que caracterizam uma organização segura para crianças
Em julho de 2016, a Comissão
Real publicou 10 elementos que deveriam estar presentes em uma organização
segura para crianças. Esses elementos são os seguintes:
1 - A segurança das crianças faz
parte da liderança institucional, administração e cultura.
2 - As crianças participam nas
decisões que as afetam e são levadas a sério.
3 - Famílias e comunidades são
informadas e envolvidas.
4 - Equidade é promovida e
respeitada a diversidade.
5 - As pessoas que trabalham com
crianças são preparadas e apoiadas.
6 - Processos para responder a
queixas de abuso sexual infantil são focados na criança.
7 - Os funcionários estão
equipados com os conhecimentos, habilidades e consciência para manter as
crianças seguras através de educação contínua e treinamento.
8 - Ambientes físicos e online
minimizam a oportunidade de ocorrência de abuso
9 - A implementação de padrões
seguros para crianças é continuamente revista e melhorada.
10 - Políticas e procedimentos
documentam como a instituição é segura para crianças.
As Testemunhas de Jeová
consideram que muitos dos elementos seguros para crianças têm uma aplicação
limitada em sua organização porque não operam ou patrocinam programas ou
atividades que separam as crianças de suas famílias, nem tem posições que dê
acesso a crianças sem seus pais. Nessa base, declararam que sua organização não
mantém ou opera os ambientes institucionais que apresentam oportunidades de
comportamento sexual predatório.
Os padrões de segurança
infantil promovidos e promulgados para a comunidade das Testemunhas de Jeová são
derivados da Bíblia. A Comissão Real examinou seu nível de conformidade com os
elementos seguros para crianças.
Apuradas
preocupações do público no Estudo do Caso 54
Desde o início da Comissão Real,
57 Comissões Judicativas foram realizadas com sobreviventes de abuso sexual
infantil dentro da organização Testemunhas de Jeová.
Desde 2015, a Comissão Real
recebeu mais de 1165 correspondências em relação às Testemunhas de Jeová e à filial
australiana. Esta correspondência foi recebida de todo o mundo, incluindo Reino
Unido, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, República Dominicana, França,
Alemanha, Itália, Holanda, Nova Zelândia, África do Sul, Espanha e Estados
Unidos da América. A correspondência tem sido esmagadoramente crítica à
resposta institucional das Testemunhas de Jeová ao abuso sexual infantil.
Em novembro de 2016, a
Comissão Real convocou indivíduos e instituições para discorrer sobre as atuais
políticas e procedimentos de proteção à criança e os padrões seguros para
crianças de várias instituições, como as Testemunhas de Jeová e filial
australiana. Foram recebidas várias observações. Quase todas as observações
pediram mudanças importantes nas políticas e procedimentos das Testemunhas de
Jeová para responder adequadamente ao abuso sexual infantil.
As preocupações foram
expressas sobre a cultura institucional de não relatar alegações de abuso
sexual de crianças a autoridades seculares, preferindo ter anciãos a realizar
investigações internas sobre essas alegações.
A realização de inquéritos
internos foi também um dos principais motivos de preocupação. Em particular, as
políticas e procedimentos mais problemáticos do sistema disciplinar interno das
Testemunhas de Jeová foram considerados como sendo os seguintes:
- Sobreviventes sendo obrigados a confrontar seus agressores
- Aplicação da regra das duas testemunhas
- Mulheres ausentes de cargos de autoridade
- Ausência de disposições claras para que um sobrevivente tenha uma pessoa de apoio.
A prática de evitar ex-membros,
incluindo uma vítima de abuso sexual infantil, foi considerada uma das práticas
mais prejudiciais. Grande preocupação também foi expressa sobre a prática de
reprovação, que permite que um perpetrador arrependido possa permanecer dentro
de uma congregação e, consequentemente, em risco de voltar a praticar abusos.
Preocupações também foram
levantadas sobre o fato de que as Testemunhas de Jeová ainda não estabeleceram
qualquer esquema de indenização a vítimas e nem informaram quais processos e
procedimentos se aplicam a alegações decorrentes de abuso sexual infantil. No
Estudo do Caso 29, O'Brien confessou que as Testemunhas de Jeová não tinham um
esquema de reparação porque a organização nunca tinha recebido uma
reivindicação de reparação. Ele disse que recomendaria que a religião das
Testemunhas implementasse seu próprio esquema de reparação para cuidar das
vítimas de abuso sexual infantil. As Testemunhas de Jeová continuam a lidar com
a reparação de vítimas de abuso sexual infantil, caso a caso. Conforme disse O'Brien,
o Escritório de Filial da Austrália está disposto a considerar os detalhes de
qualquer esquema de redação nacional que o governo possa propor para promulgar.
Veja neste vídeo a introdução
de Angus Stewart, conforme legendado por Vivian Dias.
(Esta postagem foi traduzida com a ajuda do Google Tradutor)
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É incrível como o Corpo Governante acha sempre um texto bíblico fora de contexto para apoiar as suas teorias...é evidente que o texto que fala das duas testemunhas, não se poderia aplicar neste caso.Quem abusaria de uma criança perante testemunhas? E enfrentar seu abusador numa comissão judicativa então, pode ser considerado o segundo abuso...imaginem o trauma de uma criança ou adolescente ter que passar por isso e tudo isso em vão, se o abusador negar e a criança ainda passa por mentirosa.É frustrante ver a má vontade desses homens de fazer as todas as mudanças necessárias.
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