Salão do Reino de Spring Grove, Pensilvânia |
Ancião confessa: aprendi sobre
o privilégio do clero pela televisão.
(Traduzido de JW Survey) Era
uma escaldante manhã de verão em Reading, Pensilvânia. Após cruzar os trilhos da
estrada de ferro, eu estava em Penn Street; à mão café, minha pasta e almoço em
caixa.
A poucos passos do Sovereign
Convention Center, algo me chamou a atenção. Na esquina da Penn com a 7ª avenida,
um homem solitário permanecia em silêncio com um grande cartaz que dizia: "Um ancião das Testemunha de Jeová me
molestou".
Eram oito e meia da manhã. Milhares
de Testemunhas de Jeová, usando crachás de congresso, entravam pela entrada
principal passando por este homem como se ele fosse invisível.
Seu sinal proclamou calmamente
que ele havia sofrido uma grande injustiça, mas ninguém parou. Ninguém parecia
se importar; suas mentes estavam intensamente focadas em entrar no edifício com
ar-condicionado, para escapar do intenso calor que fazia do lado de fora.
Eu não lembro que roupa eu usava
naquele dia. Não lembro qual restaurante fui naquela noite. Não lembro em que hotel
fiquei hospedado. Mas eu me lembro daquele homem com a placa.
Sua presença me deixou
espantado. Por que ele estava lá? Por que ninguém iria falar com ele? O que ele
tinha feito de errado? Por que ele foi tratado como um homem com lepra?
Enquanto isso, não muito longe
dali uma jovem chamada Stephanie Fessler estava sendo abusada por uma mulher Testemunha
de Jeová, que tinha mais de três vezes a sua idade. Quando o relacionamento foi
descoberto, os anciãos das congregações de dois estados foram informados. Estes
anciãos contataram o seu departamento jurídico em Patterson, Nova York. Os
anciãos, em particular, repreenderam publicamente tanto Stephanie, quanto sua
agressora, Terry Monheim. A polícia nunca foi notificada. Os serviços de
proteção à criança nunca foram informados. Os pais de Fessler ficaram divididos
entre proteger a sua religião ou fazer a coisa certa. O pai de Stephanie, Kevin
Fessler, era um ancião. Infelizmente, ninguém fez a coisa certa.
Sete anos depois, Stephanie
Fessler, aos 22 anos, tomou coragem de contar sua história à polícia. Como
resultado, Monheim foi presa, declarou-se culpada de múltiplas acusações, e foi
condenada à prisão e liberdade condicional. Monheim foi colocada na lista deMegan.
Infelizmente, o dano foi
feito. A angústia mental, a destruição de uma infância, a falta de proteção de
seus próprios pais e anciãos da congregação deixaram Stephanie Fessler
traumatizada e permanentemente ferida. A menos que você seja uma vítima de
abuso sexual na infância, você nunca pode entender completamente o que ela
passou.
Stephanie não queria ver isso
acontecer a mais ninguém. Os anciãos das Testemunhas de Jeová junto com suas
corporações dirigentes, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de
Nova York e a Congregação Cristã das Testemunhas de Jeová, foram notificadas para
um julgamento civil que começou em 7 de fevereiro de 2017.
Conforme divulgado pelo JWSurvey, em 13 de fevereiro, as corporações das Testemunhas, juntamente com a
Congregação das Testemunhas de Jeová de Spring Grove, chegaram a um acordo
financeiro com Fessler após apenas quatro dias de depoimento.
Gostaria
de conhecer melhor as Testemunhas de Jeová?
Então
você precisa ler meu livro
Testemunhas
de Jeová – o que elas não lhe contam?
Opções
de download aqui
Usando a própria linguagem da Torre
de Vigia, o advogado de Fessler, Jeffrey Fritz, declarou: "O caso com as Testemunhas de Jeová foi resolvido".
Julgamento,
Dia 2: #1 - Eric Hoffman
É difícil entender o que é
pior - um velho molestando uma criança pequena, ou um grupo inteiro de anciãos tomando
ciência de uma acusação, mas ignorando sua responsabilidade de informar às
autoridades e obter ajuda para uma vítima. Enquanto eu estava sentado na
cadeira de madeira desajeitada na Câmara Municipal de Filadélfia, essa pergunta
ficou em minha mente. Minha ponderação foi interrompida às 13h15, quando o
ancião de Spring Grove, Eric Hoffman, entrou na sala e fez o juramento com o
oficial da corte.
O advogado da Sra. Fessler,
Gregg Zeff, não perdeu tempo em questionar o Sr. Hoffman, e começou
inquirindo-o sobre sua posição como ancião das Testemunhas de Jeová. Hoffman é
um ancião desde 1994.
Zeff: Um
ancião é um membro do clero?
Hoffman: Nós
não somos rotulados de clero. Nós não somos pagos.
Apesar da negação de que os
anciãos são clérigos, Zeff continua seu questionamento:
Zeff:
Senhor, você concorda que o clero deve
denunciar abuso sexual de crianças para proteger a vítima de dano
adicional?
Hoffman: Sim.
Zeff: Você
concorda que o clero nunca pode manter a agressão sexual de uma criança em
segredo com o objetivo de proteger a congregação?
Hoffman: Sim
Zeff: Você
não tem nenhum treinamento em entrevistar crianças que são vítimas de abuso
sexual, não é?
Hoffman: Não.
Como nossos leitores podem se
lembrar de nosso artigo anterior sobre este caso, o representante da Torre de
Vigia Thomas Jefferson testemunhou por dois dias consecutivos que os anciãos das
Testemunhas de Jeová não são clérigos, com a implicação de que as leis que se
aplicam aos membros do clero não se aplicam aos anciãos das Testemunhas. O Sr. Hoffman
confirmou essa afirmação. Zeff começou uma nova linha de perguntas relacionadas
à exigência estrita dos anciãos de seguir a direção de suas sedes corporativas
ou enfrentar consequências:
Zeff: Você
recebeu as cartas da Torre de Vigia, não é?
Hoffman: Sim,
isso consta nas cartas oficiais, correto
.
Zeff: E
você confia nessas cartas de instrução da Torre de Vigia para executar seus
deveres como ancião, não confia?
Hoffman: Sim,
nós confiamos.
Zeff: Ok
Se você não seguir as cartas de instrução, a Torre de Vigia poderá removê-lo
como ancião; não é verdade?
Hoffman: Eles
poderiam, sim.
Zeff: E a
Torre de Vigia dirige a atividade dos anciãos, não é?
Hoffman: Nós
recebemos orientação deles, correto.
Zeff: Você
não recebe orientação de mais ninguém, não é?
Hoffman: Não.
Depois de confirmar que Hoffman
recebeu suas instruções para atividade diretamente da Torre de Vigia, Zeff fez
uma pergunta crítica que revelou que Hoffman estava bem ciente da alegação de
abuso de crianças:
Zeff: No
outono de 2005, você sabia que havia suspeita de abuso infantil envolvendo
Stephanie Fessler, não sabia?
Hoffman: No
outono de 2005?
Zeff: Sim
Hoffman: Sim.
Zeff: Ok.
E você, junto com Neal Cluck, que era outro ancião, soube disso e uma comissão
foi formada, não foi?
Hoffman: Eu
suponho; sim, foi.
Zeff: Ok.
E você não se lembra de nada específico que o pai ou a mãe de Stephanie lhe disseram,
não é?
Hoffman: Não,
não lembro.
Zeff: Ok
Durante a primeira comissão... você teve duas comissões, não?
Hoffman: Sim.
Zeff: Ok.
Então você realmente não se lembra quando foi a primeira comissão?
Hoffman:
Segundo minhas anotações, a primeira comissão foi no final de setembro de 2005.
Zeff: OK.
Bem, de que anotações você está falando, senhor?
Hoffman:
Tínhamos algumas anotações escritas.
Zeff:
Vamos ver essas anotações.
Neste ponto, o advogado Zeff
pediu que as anotações de Eric Hoffman fossem projetadas no telão para o júri.
Como afirmado pela defesa nos argumentos iniciais, a Torre de Vigia esperava
que os anciãos testemunhassem que não tinham nenhum conhecimento real de
qualquer relação física ou sexual entre Fessler e Seipp [Monheim] em 2004, e que
não souberam do relacionamento até 2005.
Zeff: E
você sabe que aguardamos que Stephanie Fessler e Terry Seipp testemunhem que ambos
foram censuradas e disciplinadas em 2004?
Hoffman: Não,
eu não sei.
Zeff: Ok.
Então, quando você diz que teve duas comissões, tem certeza de que sua primeira
comissão ocorreu em 2005, em vez de 2004?
Hoffman: Sim,
tenho certeza.
Zeff pressiona Hoffman mais ainda:
Zeff: Você
está ciente de que Jodee Fessler testemunhou ou vai testemunhar que a primeira comissão ocorreu em 2004?
Hoffman: Pode
ser, mas não tenho anotações e não me lembro de nenhuma reunião em 2004.
Hoffman
começa a fraquejar, sua memória de repente torna-se confusa:
Zeff:
Então, é possível que tenha acontecido?
Hoffman:
Poderia ser, mas eu não me lembro de nada sobre isso.
Zeff: Ok.
E a segunda comissão, a comissão que aconteceu em 2005, você tem anotações?
Hoffman: Sim,
tenho.
Zeff:
Então, se Stephanie Fessler, Jodee Fessler e Terry Seipp testemunharam que eles
estavam envolvidos com comissões judicativas em 2004, você não teria nenhuma razão para duvidar delas, teria?
Hoffman: Sim,
porque não há anotações de uma comissão judicativa em 2004.
Zeff: Bem,
não te disseram para destruir quaisquer
anotações desnecessárias?
Hoffman: As
únicas anotações que eu tenho são o que estão lá.
Hoffman, claramente chocado
com a enxurrada de perguntas, é incapaz de se lembrar da política da Torre deVigia relacionada ao que eles podem e não podem destruir; então Zeff foca no único
ponto que fica claro para o júri: Hoffman
sabia que Stephanie estava sendo abusada.
Zeff:
Então, em 2005, pelo menos, você foi informado de que uma menina de 16 anos
estava saindo com uma mulher de 50?
Hoffman:
Correto.
Zeff: Ok.
Você estava desconfiado, nessa época, que isso poderia ser um abuso infantil,
não estava?
Hoffman:
Estávamos desconfiados que algo estava acontecendo que não deveria acontecer.
Enquanto Hoffman se esquivava
de admitir que se tratava de uma relação sexual, Zeff refaz a questão de uma
maneira um pouco diferente:
Zeff: Foi
explicado que elas estavam se beijando romanticamente?
Hoffman: Certo.
Zeff: Assim
como fazem namorado e namorada, certo?
Hoffman:
Hã-hãm.
Zeff:
Assim como fazem marido e esposa, certo?
Hoffman:
Certo.
Zeff: E
você não achou isso suspeito de ser abuso infantil?
Hoffman: Bem,
é por isso que formamos a comissão então.
Zeff: Ok.
Então, você formou uma comissão por que você estava desconfiado?
Hoffman:
Porque estávamos desconfiados.
O testemunho de Hoffman fluía
como um problema de matemática onde várias equações diferentes apontavam para a
mesma resposta indiscutível. Mas havia mais pontos envolvidos, e o advogado Zeff
os trouxe para a equação:
Zeff:
Quando você formou a comissão, você entrou em contato com a Torre de Vigia para
tratar disso?
Hoffman:
Entrei em contato com o departamento jurídico.
Zeff: Ok.
Bem, isso é depois que você soube do que ocorreu. Mas na formação da comissão,
você procurou qualquer orientação de qualquer pessoa sobre o que você devia
fazer e como você devia fazer perguntas?
Hoffman: Não.
O advogado Zeff aponta a
seguir inconsistências no depoimento anterior de Hoffman quando foi interrogado
antes do julgamento, mas como Hoffman não fornece uma recordação concisa de seu
depoimento, Zeff diz finalmente ao tribunal: "Seguirei em frente, Meritíssima”
Em vez de quietamente aceitar esta declaração, advogado da Congregação de
Spring Grove, Jud Arron, comete o erro de brincar com a corte:
Aaron:
Nenhuma objeção [irônico].
Juiz Mary C. Collins: Não. Basta! Eu não
quero nenhuma ironia, nenhum comentário desnecessário ou irrelevante de
qualquer advogado que participa neste julgamento.
Jud Aaron, envergonhado e de
rosto vermelho, pede desculpas à juíza e ao tribunal.
Zeff faz com que Hoffman
admita que consultou as cartas aos anciãos e o manual dos anciãos ao atuar no
caso de Fessler, e depois diz:
Zeff: Além
de beijos e carícias, Stephanie Fessler disse que houve algum abraço impróprio,
não disse?
Hoffman: Sim:
Zeff: E
que houve toque nos seios?
Hoffman: Sim.
Na sequência destas perguntas,
Zeff pede a Hoffman para ler suas anotações da comissão judicativa de Spring
Grove, em 2005, onde, entre outros detalhes, Hoffman escreveu:
"Mais tarde foi dito
durante a comissão que houve toque nos seios por mais de uma vez".
Zeff: Você
estava preocupado que havia uma mulher de 50 anos em outra congregação que
estava acariciando e tocando os seios de alguém de 16 anos?
Hoffman: Nós
estávamos preocupados.
Zeff: Ok.
Você avisou alguém sobre isso?
Hoffman: Só
falei com a Stephanie.
Zeff: Ok.
Você não disse à outra congregação que, segundo Stephanie, os seios delas foram
tocados e que ela estava saindo com uma mulher de 50 anos?
Hoffman: Eu acho
que tivemos uma conversa com eles apenas para ter certeza de que as histórias
eram as mesmas.
Zeff: Você
notificou a Torre de Vigia sobre isso?
Hoffman: Sim.
Comunicamos ao departamento jurídico.
As tensões aumentaram quando o
testemunho de Hoffman mostrou claramente que os anciãos de duas congregações ficaram
cientes do abuso, que a relação era indiscutível e que a Torre de Vigia também
estava informada sobre isso. Foi revelado ainda que enquanto tudo isso estava
acontecendo, Dona, o marido de Terry Seipp [Monheim], tinha contratado um deteve
particular para seguir Terry, suspeitando do que sua esposa estava fazendo.
De repente, em um movimento
desesperado, o advogado da Torre de Vigia John Miller corta e pede uma conversa
paralela com a juíza:
Miller:
Sinto muito, Meritíssima, isso já foi determinado. Espero que não seja tarde
demais para perguntar, mas, a menos que isso esteja violando o privilégio do
advogado / cliente, esse é o formato que você seguiu, é a instrução que você
recebeu do departamento jurídico. Isso é pedir assistência jurídica.
Zeff: Juíza,
isso foi dispensado. Foi perguntado em depoimento e respondido. Estas perguntas
foram feitas. Elas foram respondidas em depoimento. Você não pode virar-se depois de não requerer o privilégio e virar-se e
requerer o privilégio no julgamento, quando já abriu mão dele. Há uma
abundância de jurisprudência sobre isso.
Miller: Nós
não levantamos naquele momento?
Zeff: Não.
Nunca se levantaram. Posso mostrar-lhe as páginas 19, 20, 21, 23 do depoimento.
Miller: Eu
vou confiar em você, se você diz.
Zeff: Aqui
estão os depoimentos - onde consta que se manifestaram?
Miller:
Então, nós deixamos passar a oportunidade. Bem, então, estou te fazendo perder
tempo.
Juiza
Collins: Está bem; vamos voltar.
O advogado de Fessler, Zeff,
não deixou pedra sobre pedra, e pressionou Hoffman ainda mais.
Zeff: A
razão pela qual entrou em contato com o departamento jurídico foi para tentar
descobrir quais eram suas obrigações em relatar o abuso sexual. Isso não é
correto?
Hoffman: Sim.
Zeff: E
depois que você falou com o departamento jurídico, você não relatou o abuso sexual
a nenhuma autoridade na Pensilvânia, não é?
Hoffman: Nós
não relatamos à polícia, não.
Zeff: Você
nunca recebeu nenhuma instrução de que havia alguma autoridade legal na
Pensilvânia para denunciar suspeita de abuso de criança, não é?
Hoffman: Não.
Zeff: E
você não disse aos pais de Stephanie Fessler que eles poderiam ir à polícia,
não é?
Hoffman: Nós
não podemos fazê-lo; não.
Zeff: Ok.
Você năo o fez. Obrigado. Não tenho mais nada a perguntar.
Zeff,
satisfeito por ter extraído suficiente veracidade de Hoffman, cedeu a
testemunha para Jud Aaron , o advogado contratado pela congregação de Spring
Grove. Aaron passa a discutir o depoimento anterior de Hoffman, no qual Thomas
Jefferson foi mencionado - com pouco efeito; então pergunta a Hoffman sobre sua
posição como ancião, e faz Hoffman descrever a simplicidade de um típico Salão
do Reino.
No diálogo entre Aaron de Hoffman,
é de interessante que foi mencionado que os pais de Stephanie vieram a Hoffman
em 2005, à procura de ajuda, tendo em vista a sua posição como ancião ordenado
das Testemunhas de Jeová. Neste ponto do julgamento, isso é uma consequência,
já que Hoffman e a Torre de Vigia ainda estavam reivindicando, no segundo dia
do julgamento, que os anciãos não
eram membros do clero. Parece que ele estava argumentando que, se Hoffman não
fosse um clérigo, então ele não teria nenhuma obrigação de relatar o
relacionamento à polícia.
Aaron: Eles
estavam [os Fessler] chegando a você como ancião?
Hoffman: Sim.
Aaron: Ok.
Eles te disseram que Stephanie Fessler e Terry Seipp estavam tendo algum tipo
de relacionamento?
Hoffman: É
assim que me lembro, um tipo de relacionamento, correto.
Aaron: E o
que você esperava poder fazer? O que você fez como ancião?
Hoffman: A primeira
vez que nos encontramos com Stephanie, foi apenas para determinar o que estava
acontecendo; visava dar-lhe alguma ajuda bíblica, alguns conselhos para
ajudá-la a mudar seu comportamento e para descobrir o que estava acontecendo.
Aaron: De
modo geral, o que você quer dizer com "ajuda bíblica"?
Hoffman: Eu
apenas mostrei-lhe alguns textos bíblicos, algumas que reprovavam o tipo de
conduta que ela estava levando, que estava indo contra os princípios bíblicos e
como ajuda-la ir contra isso.
Jud Aaron, em seguida, faz com
que Hoffman testemunhe que em 2005, os Fesslers nunca lhe disseram que havia
relação sexual entre Stephanie e Terry. Este era claramente um conflito dado
que seria um tanto incomum que os pais de Fessler procurassem a ajuda dos
anciãos se a relação era algo rotineiro, do tipo mãe-filha. Aaron tenta provar
que Hoffman não sabia nada até que pessoalmente confrontou Stephanie em 2005.
Aaron: Você
disse que conheceu Stephanie no outono de 2005?
Hoffman: Sim.
Aaron: Ok.
Você tentou determinar qual era a natureza da relação?
Hoffman: Sim,
nós tentamos.
Aaron: Você
tentou determinar se era ou não sexual?
Hoffman: Sim,
procuramos determinar isso.
Aaron: E
durante o encontro com Miss Fessler no outono de 2005, você descobriu que houve
algum contato sexual entre elas?
Hoffman: Sim,
descobrimos.
É de interesse que Aaron
questiona Hoffman sobre se ele havia perguntado à vítima se ela ficara nua com
Monheim, ou se tinha participado de sexo oral. Inacreditavelmente, Hoffman
afirma que ele não tinha informações sobre qualquer toque nos órgãos genitais,
ou se as duas ficaram nuas juntas, apesar de ter testemunhado que ele sabia que
havia uma relação sexual contínua.
Aaron retorna mais uma vez a
seu argumento de 2004, desta vez fazendo uma pergunta hipotética:
Aaron: Se,
um ano antes, 2004 - estou perguntando sobre o que você faria agora – se um ano
antes, em 2004, uma garota de 15 anos de idade tinha dito que ela e uma mulher
de 49 ou 50 anos estavam envolvidas em um relacionamento que envolvia beijos
íntimos, beijos de língua, beijos franceses, beijos românticos, como você quiser
chamá-lo, você faria contato com o departamento jurídico para pedir orientação?
Hoffman: Sim,
nós contataríamos.
Aaron: Ok.
Você tem alguma lembrança de fazê-lo um ano antes, no outono de 2004?
Hoffman: Não.
Aaron: Bem,
deixe-me perguntar sobre você. Você já disse ao Sr. e à Sra. Fessler que eles
não deveriam relatar esse relacionamento às autoridades?
Hoffman: Não.
Aaron decide concluir seu
questionamento da testemunha, e cede a palavra. John Miller, da Torre de Vigia,
não tem perguntas para o Sr. Hoffman, e redireciona-a para o Sr. Zeff.
Zeff: Você
teve uma memória específica, sentado aqui hoje; depois de dez, onze, onze anos
e meio, você se lembrou que perguntou a Stephanie Fessler se houve sexo oral ou não?
Hoffman: Bem,
de acordo com minhas anotações, perguntamos a ela se havia algo mais envolvido
e ela disse que não.
Zeff: Está
bem. Então, você perguntou se havia algo mais envolvido?
Hoffman: Exato.
Zeff: Você
não perguntou se ela tinha sexo oral. Você não perguntou se ela ficara nua?
Hoffman: Não,
nós não podemos perguntar.
Zeff: E
você considera acariciar e tocar os seios como um ato sexual?
Hoffman: Sim.
Zeff: E
quando você entrou em contato com o departamento jurídico, você realmente não
sabia o que fazer nessa situação, não é?
Hoffman:
Correto.
Zeff: E
você confiou no departamento jurídico?
Hoffman: Sim,
nós confiamos.
Zeff: E o
departamento jurídico faz parte da Torre de Vigia?
Hoffman: Sim.
Zeff: Ok.
Se o departamento jurídico lhe dissesse para relatar o assunto, você teria
feito isso?
Hoffman: Sim,
nós faríamos.
Zeff conclui seu interrogatório
pedindo a Hoffman que explique a repreensão pública que os anciãos aplicaram a
Stephanie Fessler; depois volta a testemunha uma última vez para a defesa.
Desta vez, Sr, Miller, o advogado da Torre de Vigia, decide fazer uma pergunta
ao Sr. Hoffman:
Miller: Sr. Hoffman,
apenas uma pergunta: você disse que o departamento jurídico fazia parte da Torre
de Vigia. Você sabe se fazia parte da Torre de Vigia ou da filial dos EUA ou de
alguma outra entidade? Você sabe?
Hoffman: Nós
apenas obtemos a informação no papel timbrado. Não tenho a certeza sobre a que
departamento ele está subordinado, sobre a qual escritório pertence. É ligado à
filial dos Estados Unidos.
Miller: Ok.
Isso é tudo. Obrigado.
No testemunho final de Hoffman,
ele havia admitido no banco de testemunhas que um membro do clero deveria relatar alegações de abuso sexual
de crianças, mas negou ser membro do clero. Ele ainda admitiu que suas
instruções vieram diretamente da Torre de Vigia, mas parecia confuso quanto à
diferença entre a Torre de Vigia e filial dos EUA. Hoffman reconheceu que
estava bem ciente de uma relação sexual entre Fessler e Monheim em 2005, mas
perdeu todas as lembranças da comissão com Fessler em 2004, na qual foi
intimamente repreendida. Finalmente, Hoffman admitiu que não contatou quaisquer
autoridades, e não aconselhou os pais de Fessler a fazê-lo. Ele cedeu seu poder
de decisão ao departamento jurídico da Torre de Vigia, testemunhando que se o departamento tivesse dito a ele para
ir à polícia, ele o faria. O departamento nunca autorizou isso.
Julgamento,
Dia 2: #2 - Donald Hollingworth
Do outro lado da linha de trem
Mason-Dixon está Freeland, a congregação das Testemunhas de Jeová de Maryland.
Esta é uma congregação pequena, fica no condado rural de Baltimore, tem pouco recurso
e um Salão do Reino simples. Lembro-me de ter doado e instalado equipamento de
som neste local depois que o membro desta congregação, Terry Monheim, abusou de
Stephanie Fessler, Isso foi três anos antes de sua prisão. Eu não sabia que um
predador espreitava nas proximidades.
Pouco sabia eu que, em poucos
anos, eu me sentaria dentro de um tribunal da Filadélfia, observando o advogado
Jud Aaron tentar defender as ações ultrajantes dos anciãos Gary Neal, Scott
Wagner e Donald Hollingworth. Em mil anos eles não podiam ganhar o dinheiro
para pagar pelos serviços de Aaron, mas lá estava ele.
Donald Hollingworth agora é
idoso, usa um aparelho auditivo e vive em Toms River, Nova Jersey. Testemunha
de Jeová leal por mais de 50 anos, Hollingworth tem sido um ancião durante 40
daqueles anos. Mas, apesar de toda a sua lealdade à religião das Testemunhas de
Jeová, Donald e seus colegas anciãos cometeram um erro crítico em 2004 e 2005,
que custou à sua empresa-mãe, a Torre de Vigia, uma quantia significativa de
dinheiro. Isso também prejudicou a reputação das Testemunhas de Jeová, que
estão sob intenso escrutínio global por lidarem incorretamente com casos de
abuso de crianças e por sua prática de evitar e negar aos membros o direito a
certos tratamentos médicos que salvam vidas.
O advogado de Stephanie
Fessler, Gregg Zeff, começou o questionamento de Hollingworth com a mesma
pergunta que ele fez a Eric Hoffman:
Zeff: Eu
gostaria de saber se você concorda que o
clero deve relatar abuso sexual de crianças para proteger a vítima de dano
adicional.
Hollingworth: Se eu
concordo com isso?
Zeff: Sim.
Hollingworth: Sim.
Zeff: E
você concorda que o clero nunca pode
manter o abuso sexual de uma criança em segredo com o objetivo de proteger
a congregação?
Hollingworth: Ah,
sim, sim.
Zeff:
Obrigado.
Depois de confirmar que Hollingworth
não tem formação profissional na investigação de assuntos de abuso sexual, Zeff
procura ser mais específico:
Zeff: Ok.
Em 2004 ou 2005, você tinha alguma compreensão de quais eram suas obrigações
com relação ao relato de suspeita de abuso infantil na Pensilvânia ou em
Maryland?
Hollingworth: Sim.
Zeff: Qual
era a sua compreensão naquela época?
Hollingworth: Que não havia nenhuma obrigação de denunciá-la
do ponto de vista processual. Isso não
significa que eu não sinto um dever, mas não havia o dever legal de denunciá-la.
Zeff: Senhor,
você recebeu essa compreensão do departamento jurídico?
]
Hollingworth:
Correto.
Zeff: Ok,
e o departamento jurídico disse o quê?
Hollingworth:
Testemunhas de Jeová..
Neste momento, é digno de nota
que Hollingworth tinha testemunhado que os membros do clero devem relatar
alegações de abuso sexual às autoridades, mas momentos mais tarde declarou que,
de acordo com o departamento jurídico da
Torre de Vigia, ele não tinha o dever legal de denunciar, apesar do seu próprio
sentimento de dever de que devia fazê-lo. Hollingworth escondeu-se sob o
duplo manto da justificação: a noção de que ele não era membro do clero e a orientação
de sua própria organização que ele não tinha obrigação de denunciar.
Parece impensável que qualquer
ancião das Testemunhas pudesse fazer a declaração de que os líderes de outras
religiões têm a obrigação de denunciar abuso, mas as Testemunhas de Jeová estão
de alguma forma isentas. As Testemunhas ensinam que todas as religiões são religiões
“falsas”, exceto a delas. Os membros do júri devem ter ficado confusos ao
tentar entender como uma organização que afirma abominar o abuso infantil pode
ser tão delinquente em ajudar às vítimas.
Zeff continuou seu
questionamento de Hollingworth, descrevendo as cartas que a Torre de Vigia
envia aos anciãos. Hollingworth parecia confuso quando Zeff afirmou que, antes
de 2001, essas cartas eram assinadas pela corporação Torre de Vigia. Hollingworth
disse: "Não tenho certeza disso ... Neste momento eu não estava preparado
para essa pergunta, senhor." Quando tratando sobre a relação entre Monheim
e Fessler, Zeff perguntou:
Zeff: Você
nunca procurou saber a idade da menina que ela estava beijando, não é?
Hollingworth: Eu
sabia que ela era uma adolescente, e que tinha a idade aproximada dos filhos
desta outra senhora, porque ela se associou com eles. Eu sabia que ela não
tinha 19. Eu sabia que ela não tinha 13 anos, mas alguma idade intermediária.
Zeff: E
quando você soube disso, uma comissão foi formada, não foi, uma comissão
judicativa?
Hollingworth: Sim.
Zeff: Ok.
Você foi o presidente dessa comissão judicativa?
Hollingworth: Não
fui eu. Era um dos outros dois irmãos. Hoje não posso lhe dizer com certeza.
Zeff: Ok.
Hollingworth: Eu
acredito que foi Gary Neal, mas isso não é uma certeza.
Zeff: E
uma das suas principais obrigações.
Hollingworth: Obrigação
de fazer o quê?
Zeff:
Informar às autoridades legais sobre este assunto.
Hollingworth: Eu não
sei se eu tinha essa obrigação, eu não sabia disso; eu fui investigar para
saber o que estava acontecendo, portanto, eu não comecei a pensar em muitas outras
coisas que eu teria que fazer até que eu pudesse descobrir o que estava
acontecendo.
Zeff: Mas
você consultou o departamento jurídico?
Hollingworth: Sim,
consultei. .
Zeff: E
foi-lhe dito que não tinha nenhuma obrigação sob a lei de Maryland, certo?
Hollingworth: Que
eu não tinha nenhuma obrigação de denunciar; foi isso que você me perguntou?
Zeff: Sim.
Você não tinha o dever de denunciar?
Hollingworth:
Nenhum dever legal.
Zeff:
Certo.
Hollingworth: Não
havia nenhuma lei que dizia que eu tinha que denunciar.
Zeff: E de
fato você não denunciou nada, não é?
Hollingworth: Não,
eu não.
Zeff: E
nenhum membro da comissão judicativa, que é do seu conhecimento?
Hollingworth: A
meu conhecimento.
Hollingworth
confessa que triturou anotações
O interrogatório de Zeff deu
então um giro interessante. Zeff pede a apresentação das anotações de Hollingworth,
tomadas em 2005 ao se encontrar com a agressora Terry Seipp:
Zeff: Por
que você fez essas anotações?
Hollingworth:
Porque eu não tenho uma memória muito boa ao longo dos anos, negócios e
reuniões que eu vou, e assim faço anotações para o caso de haver uma razão para
lembrar, no caso de haver uma discussão mais tarde, caso haja outra comissão.
Sempre faço anotações. É meu hábito de empresário, eu sempre fiz anotações.
Zeff: E no
que diz respeito a ser um ancião, você tinha por norma fazer anotações, depois
rasgá-las e destruí-las, não era?
Hollingworth: Sim,
a trituração está em um, sim, eu tinha um shredder, mas não sei. Eu, sim, não
os guardei. Não os guardei. Eu não queria que elas ficassem por aí.
Zeff: Isso
era algo que as cartas aos anciãos sugeriam que você fizesse, elas instruíam
você fazer isso de fato, não deixar anotações por aí, destruí-las se não forem
necessárias?
Hollingworth: Bem,
isso é possível. Eu sempre, mesmo ser, eu, se é algo de natureza confidencial,
eu teria suficiente cuidado para não as deixar por aí.
Hollingworth
invoca o privilégio do clero, que ele aprendeu na televisão
Hollingworth
revelou um detalhe crítico que a organização Torre de Vigia não quer que o
público saiba: que os anciãos muitas vezes descartam, trituram, movem, escondem
e destroem anotações, não apenas nos casos de crimes menores, mas mesmo quando os
registros se referem a acusações de abuso infantil, contrariamente à sua
política oficial.
O advogado Zeff continuou
ganhando força quando chamou a atenção para sua próxima exposição: as anotações
feitas por Donald Hollingworth durante a comissão judicativa com Terry Monheim.
Zeff exibiu as anotações para o júri:
(Anotações de Hollingworth) Diz: "Depois
de garantirmos que os membros da comissão judicativa não testemunhariam em um
caso legal, ela ficou aliviada e
próxima".
Zeff:
Então, você disse a Terry Seipp que nenhum membro da comissão judicativa iria
testemunhar contra ela?
Hollingworth: Bem,
eu acho que você sabe; você está pensando em algo diferente do que eu estou
pensando. O caso legal a que se referem as minhas anotações é que ela estava
preocupada com a possibilidade de o marido querer se divorciar dela; e nós
estávamos dizendo a ela que qualquer coisa que ela nos dissesse, nós não usaríamos
em seu caso de divórcio contra o marido dela, ou vice-versa. E tínhamos pensado
que tínhamos o direito de fazer isso.
Zeff: Você
aprendeu isso com o departamento jurídico?
Hollingworth:
Perdão?
Zeff: Você
aprendeu isso com o departamento jurídico?
Hollingworth: Não.
Aprendi ao assistir televisão, eu acho ...
Zeff: Você
aprendeu, pela televisão, que o que quer que ela dissesse em sua comissão, você
não precisava testemunhar em um processo de divórcio?
Hollingworth: Bem,
não como membro do clero, eu pensei que seria...bem, você sabe, talvez eu
esteja errado, mas eu acho que seria confidencial.
Neste ponto, Hollingworth está
acuado – recolhido em um canto muito pequeno, sem saída e sem palavras. Em
2005, ele entrevistou uma predadora sexual, mas em vez de entrar em contato com
as autoridades, ele assegurou a Terry Monheim que suas confissões aos anciãos
não seriam usadas contra ela em qualquer processo de divórcio. De alguma
forma ele invocou o privilégio do clero, depois de negar que ele é um membro do
clero. Além disso, ele está completamente inconsciente de que o privilégio do
clero não existe quando um considerável grupo de anciãos e outros indivíduos
foram informados dos crimes de Monheim.
Para ser franco, Hollingworth aparentou
ser extraordinariamente ignorante. O que é mais bizarro é que ele afirma que o
departamento jurídico da Torre de Vigia o avisou que ele não tinha o dever de
denunciar tais alegações ou confissões de abuso sexual. A lei de Maryland na
época exigia a denúncia de abuso de crianças, mas as isenções para os membros do clero eram um tanto vagas, o que provavelmente levou o departamento jurídico
da Torre de Vigia a sugerir que ele não tinha obrigação de denunciar o abuso.
Na maioria dos estados, as isenções de abuso infantil tornam-se nulas quando os
clérigos transmitem as confissões feitas em privado para outros anciãos ou
pessoas adicionais, isto é, os departamentos jurídico e de serviço da
organização das Testemunhas de Jeová.
O interrogatório continuou
enquanto o advogado Zeff chamava a atenção para as anotações de Hollingworth de
seu telefonema para o departamento jurídico da Torre de Vigia.
Zeff: O
que é isso?
Hollingworth: Essa
foi a minha anotação sobre quando eu liguei... quando entrei em contato com o
departamento jurídico para discutir o assunto com eles e eu fiz algumas anotações
relativas a essa chamada.
Zeff: Ok.
Você ou alguém de sua congregação já entrou em contato com a congregação de
Spring Grove, onde Stephanie Fessler era membro?
Hollingworth: Não.
Zeff:
Alguém na sua comissão judicativa fez contato com eles...
Hollingworth: Sim
Zeff: Ok.
E eles informaram que havia uma investigação sobre um possível abuso sexual?
Hollingworth: Você
teria que perguntar o que eles deixaram a gente saber.
Zeff: Ok.
Eu quero ir para a parte onde diz "quero que revejamos as cartas da
sociedade com os sete anciãos". Você vê isso?
Hollingworth: Sim,
eu vejo.
Zeff: O
que você quer dizer com isso?
Hollingworth: O
que diz, revise as cartas, com todo o corpo de ancião, todos os anciãos na
congregação.
Zeff: Diz
"com todos os sete anciãos", que é todos?
Hollingworth: O
que diz?
Zeff: Ele
diz: "Quero que revisemos as cartas da sociedade com os sete
anciãos".
Hollingworth: Sim,
esse seria o nosso corpo de anciãos naquela ocasião.
Zeff: Ok.
E isso tem a ver com sua investigação sobre Terry Seipp?
Hollingworth: Bem,
fazia parte; meu telefonema foi uma investigação que fiz para saber como lidar
com isso, sim. E disseram para ler algo nessas cartas, que não me lembro.
Zeff: Quem
te disse para ler essas cartas?
Hollingworth: Quem
quer que estava falando comigo no departamento jurídico. E eu estou dizendo
isso por causa das anotações, é o que suponho. Eu não sei de fato hoje quem me
disse para consultar as cartas, mas posso apenas deduzir quem seria. E eu não
deveria estar fazendo suposições, deveria?
Zeff afirma que ele tem cópias
dessas cartas, e diz a Hollingworth que ele vai agora revê-las, começando com a
carta de 1 de julho de 1989 para o corpo de anciãos. Hollingworth admite que
provavelmente tinha revisto esta carta naquela ocasião, reconhecendo que era um
documento muito importante para rever.
Outra revelação ocorreu quando
Zeff faz referência ao artigo da Sentinela de 1 de janeiro de 1997 intitulado
"Abominemos o que é iníquo". No tópico "Que dizer do molestador
de crianças?”, A Sentinela declarou:
Por exemplo, quando alguém faz propostas imorais a outro adulto, este deve poder resistir às propostas dele ou dela. Crianças são muito mais fáceis de enganar, de deixar confusas ou aterrorizadas. A Bíblia diz que a criança tem falta de sabedoria. (Provérbios 22:15; 1 Coríntios 13:11) Jesus usou crianças como exemplo de humilde inocência. (Mateus 18:4; Lucas 18:16, 17) A inocência da criança inclui a ausência completa de experiência. A maioria das crianças são expansivas, gostam de agradar, e assim são vulneráveis a abusos por parte dum adulto ardiloso a quem conhecem e em quem confiam. Portanto, a congregação tem perante Jeová a responsabilidade de proteger as crianças.
Zeff pergunta a Hollingworth:
Zeff: Ok. Você se lembra de revisar isso? E eu vou
lê-lo para você para saber se você entende isso. Você se lembra de revisar isso
na época da comissão judicativa? Diz: "Crianças são muito mais fáceis de
enganar, de deixar confusas ou aterrorizadas ".
Hollingworth: Não
me lembro na época da comissão, mas, senhor, eu mencionei antes, eu tinha muitos
filhos e estou muito consciente dessa necessidade.
Zeff: Ok.
E se o departamento jurídico tivesse lhe
dito, você teria chamado a polícia, teria procurado os serviços de proteção à
criança?
Hollingworth: Eu
não preciso ser informado.
Zeff: Ok.
Hollingworth: Eu,
eu não quero ser chato ou qualquer coisa, mas, não, eu te disse, eu, abuso é
uma palavra que é pior do que o ódio e eu não gosto dessa coisa e eu não gosto
de estar envolvido nisso mesmo agora, ao ser perguntado sobre isso.
Zeff: Ok.
Você realmente não precisa ser avisado para ligar para a polícia, não é? Você
poderia ter feito isso de qualquer maneira?
Hollingworth: Eu o
quê?
Zeff: Você
poderia ter chamado a polícia, mesmo que o departamento jurídico lhe dissesse
para não fazê-lo?
Hollingworth: Sim.
Em retrospectiva, sim.
Zeff: Mas
você não fez?
Hollingworth:
Perdão?
Zeff: Você
não fez?
Hollingworth: Já
foi respondida.
Zeff: Ok.
Você não falou com a congregação de Stephanie Fessler sobre sua versão da história,
falou?
Hollingworth: Eu
disse que não, eu não falei com ninguém.
Zeff
questionou se a congregação de Maryland teve quaisquer discussões
significativas com a congregação de Spring Grove, Pennsylvania, sobre o
bem-estar de Stephanie Fessler:
Zeff: Mais
uma vez, senhor. Você tinha preocupações sobre o bem-estar da adolescente que
estava envolvida com Terry Seipp? Estava preocupado com ela?
Hollingworth: Sim,
eu tenho preocupações com todos os jovens, absoluto; sim. Como eu diria que
não? Claro, eu seria um ogro para dizer não a isso!
Zeff: E,
mas você queria seguir os conselhos do departamento jurídico, em vez de fazer
qualquer outra coisa; não é verdade?
Hollingworth:
Sabe, eu não estava lidando com uma adolescente. Estávamos lidando com Terry
Seipp em nossa congregação. Por favor, a outra congregação estava lidando com a
adolescente. Isso nada tem a ver com os meus sentimentos e os meus pensamentos
sobre o assunto e como ele foi tratado. Então, você está me confundindo e você
está confundindo o problema.
Parece que a fronteira
invisível entre Maryland e Pensilvânia, juntamente com as instruções do departamento
jurídico da Torre de Vigia para Hollingworth, invalidou seu melhor julgamento,
permitindo-lhe ignorar o fato de que um crime tinha ocorrido e que ele estava
obrigado a denunciá-lo. Hollingworth admitiu que também estava ciente de que
Dana, o marido de Terry Seipp [Monheim], tinha descoberto o relacionamento, e
contratou um detetive particular para confirmar suas suspeitas. O Sr. Seipp não
perdeu tempo e compartilhou essa informação com os anciãos de Freeland.
Zeff: Você
tinha uma suspeita de que ela poderia estar abusando de uma criança?
Hollingworth: Eu
queria saber os fatos.
Zeff: Ok.
Bem -
Hollingworth: O
marido dela não diria, e ele não era um membro de nossa congregação. Eu só o vi
uma vez, apenas o suficiente para dizer “oi!”. Aí ele aparece e diz: "Eu
tenho fotos, mas não vou dizer o que são, mas é melhor você fazer algo sobre
isso", que tipo, o que devemos
fazer?
Zeff:
Chamar a polícia?
Apesar de uma objeção assegurada
do advogado de defesa Jud Aaron, Zeff tinha desferido um soco com esta última
pergunta, que ecoou na sala de audiência, enquanto Aaron fazia o seu caminho
para a tribuna para interrogar o Sr. Hollingworth.
No que parecia ser um
movimento desesperado, Aaron apresentou seu argumento de que aos anciãos não é dito que não devem denunciar.
Aaron: Você
está ciente de qualquer política das Testemunhas de Jeová de não denunciar
abuso sexual infantil às autoridades? Você está ciente de tal política?
Hollingworth: Não.
Aaron: Em
qualquer uma das cartas aos anciãos, no livro KS [nota do tradutor: livro secreto da Torre de Vigia, que é de leitura restrita aos anciãos] ou nas escolas que você
participou...você já frequentou essas escolas?
Hollingworth: Sim,
senhor.
Aaron: Em
alguma dessas cartas, ou nessas escolas ou no livro KS, você já foi instruído
ou orientado para não denunciar abuso sexual às autoridades?
Hollingworth: De jeito
nenhum. De jeito nenhum.
Aaron: O
que você tem sido instruído a fazer se um relatório de abuso sexual vem à sua
atenção?
Hollingworth:
Entre em contato com o departamento jurídico.
Aaron nunca pergunta a Hollingworth
se os anciãos são instruídos a relatar
qualquer alegação de suspeita de abuso infantil; em vez disso, ele desvia a
atenção dessa questão crítica, primeiro permitindo que Hollingworth testemunhe
que ele é um homem de família, com muitos filhos e netos. Aaron questiona Hollingworth
sobre o que ele lembra das confissões de Terry Seipp durante a comissão
judicativa, e trata dos procedimentos que esses homens seguiram após aquela
audiência:
Aaron:
Depois que a comissão judicativa se encontrou com Terry Seipp, você relatou ao
departamento jurídico?
Hollingworth: Sim.
Aaron: Você
sentiu que estava seguindo o procedimento correto ao fazer isso?
Hollingworth: Sim.
Depois de se referir à carta aos Anciãos de 23 de março de 1992, sobre o abuso de crianças, Aaron chama a
atenção para a página 3 da carta, que diz que pode-se prevenir o abuso entrando
em contato com o departamento jurídico da organização Torre de Vigia.
Ele então associa
"proteção adicional" à declaração anterior de Hollingworth de que os
anciãos não são proibidos de
denunciar abusos:
Aaron: Você
já foi aconselhado, como ancião, ou você está ciente de qualquer orientação que,
a fim de proteger a religião das Testemunha de Jeová, abuso infantil não deve ser denunciado às autoridades?
Hollingworth: Pelo
contrário. A razão pela qual eu sou uma Testemunha de Jeová hoje, eu nem sempre
fui, foi por causa da sua preocupação com a veracidade e pelo cuidado que tem
com as pessoas, e qualquer coisa, e isso faz muito sentido. Não, isso nunca
acontece.
Aaron:
Obrigado.
Aaron encerra sua linha de
questionamento e cede espaço aos seus colegas membros da equipe de defesa. O advogado
Miller, da Torre de Vigia, não tem perguntas, e o advogado da CCJW, Louis
Lombardi, continua no seu voto legal de silêncio. A testemunha então é redirecionada para a acusação.
Vítimas
desencorajadas de frequentar terapia de entrevista
O advogado Zeff dirige a
atenção para a carta aos Anciãos, de 23 de março, desta vez para a seção onde
as Testemunhas de Jeová são advertidas contra participar na terapia de entrevista como um meio de ajudar vítimas de abuso infantil.
Zeff:
Senhor, posso direcionar sua atenção para o último parágrafo da página 2, onde
diz "Alguns profissionais médicos", e vai para a próxima página. Eu
só queria lhe fazer algumas perguntas sobre isso, porque algumas coisas que você
disse sobre isso, eu acho, foram um pouco perturbadoras para mim. "Alguns
profissionais médicos e terapeutas oferecem terapia de entrevista para aqueles
que sofrem em decorrência de abuso infantil. Participar de terapia de entrevista
com um terapeuta profissional é uma decisão pessoal, mas, durante essa terapia,
pode haver problemas de se revelar fatos confidenciais sobre outros membros da
congregação cristã se o cristão não usar de discrição. Assim, os anciãos podem
dar alertas aos irmãos e irmãs, assim como descrito na revista A Sentinela de 15 de outubro de 1988,
página 29, sob o subtítulo Terapia de entrevista.
Eles podem ser ajudados a ver que conversar indiscriminadamente com outros sobre
abuso de criança pode resultar em boatos e tagarelice prejudicial" Senhor,
segundo o que você entende, o que isso significa?
Hollingworth:
Talvez eu não tenha pegado todos os detalhes aqui, mas, meu, estou me
concentrando na última frase aqui. Nós não devemos falar sobre isso, fofocar, não
é algo para ser espalhado.
Zeff: Senhor,
a minha pergunta é como falar de abuso de crianças pode resultar em boatos e
tagarelice prejudicial; eles não estão dizendo isso...não é este um documento
oficial que foi indicado a você? O que você entende disto: “Eles podem ser
ajudados a ver que conversar indiscriminadamente com outros sobre abuso de
criança pode resultar em boatos e tagarelice prejudicial”? O que você entende disso?
Hollingworth: Para
ter cuidado e pensar sobre isso. Pense antes de falar. Faz sentido para mim.
Hollingworth se esquiva
da questão, refletindo sua incapacidade de comentar a posição da Torre de Vigia
sobre terapia de entrevista; então Zeff segue em frente. Zeff em seguida pede a
Hollingworth para dar explicações sobre o livro KS e sobre as escolas, e Hollingworth
descreve o programa de treinamento dos anciãos. Zeff então pergunta:
Zeff: A
questão do abuso infantil é abordada nessas escolas?
Hollingworth:
Tenho certeza que sim.
Zeff: E
essas escolas são conduzidas pela Torre de Vigia?
Hollingworth: Elas
são conduzidas por uma Testemunha de Jeová. Eu não sei por que, elas são
conduzidas por um instrutor das Testemunhas de Jeová.
Zeff: Ok.
E de onde vem esse instrutor?
Hollingworth: Eles
vêm de um monte de lugares diferentes. Às vezes é o nosso superintendente de
circuito que vem; temos apartamentos para eles nos Salões do Reino locais.
Houve instrutores diferentes pelas diferentes vezes ao longo dos anos, eles vêm
de um monte de lugares diferentes.
Zeff: Os
documentos que você estuda nessas escolas vêm da Torre de Vigia?
Hollingworth: Eu
não sei. Não sei se a Torre de Vigia envia documentos. Ela nos dar literatura.
Ela nos dar alguma literatura. Ela cuida da impressão de nossa literatura. Eu
não sei. Eu apenas não posso responder a essa pergunta. Você teria que
perguntar a alguém que vem de lá. Estaria tudo bem se eu tivesse mais água?
Zeff: Não
tenho mais perguntas, Meritíssima.
Em resposta ao testemunho de Hollingworth,
John Miller, o advogado da Torre de Vigia, interrogou a testemunha para
esclarecer apenas uma coisa: apesar de ser advertidos dos perigos da terapia de
entrevista, os sobreviventes de abuso de Testemunhas de Jeová não estão
excluídos da terapia individual. Parecia um tanto inconsequente mencionar isso,
mas Miller parecia disposto a fazer com que o júri soubesse que as Testemunhas
de Jeová aceitam alguns tipos de terapia profissional.
Naturalmente, Miller desconsidera
o fato de que muito do intenso trauma sofrido por Stephanie Fessler foi, em
primeiro lugar, causado pelos anciãos e pela organização que a trataram como
pecadora e não como vítima.
O cansado e sedento Hollingworth
parecia confuso e não estava disposto a dar respostas concisas e lúcidas para
perguntas que eram bastante simples - especialmente para um homem que passou os
últimos 40 anos de sua vida como um ancião nomeado. Para ser justo, a principal
testemunha da Torre de Vigia, Thomas Jefferson, foi ainda mais evasiva, como
pode ser visto em seu testemunho durante os dois primeiros dias deste julgamento.
Como qualquer um que estudou as
Testemunhas de Jeová entende muito bem, os líderes da organização não estão nem pouco dispostos a divulgar informações a qualquer pessoa que achem que
"não têm o direito de saber" tal informação. Quão irônico para uma
religião que descreve todos os seus ensinamentos e práticas como "A Verdade"!
Para os leitores do JW Survey,
se são Testemunhas de Jeová ou não, eu não posso subestimar o valor deste termo
verdade. No início deste julgamento,
a juíza Mary C. Collins disse ao júri que eles serão os únicos a determinar o
que é verdade neste caso, e cabe a eles decidir quais informações são factuais,
com base nas evidências apresentadas.
Embora este caso tenha sido
resolvido após quatro dias de testemunho, temos, como cidadãos globais, a
oportunidade de julgar as evidências para nós mesmos e tirar nossas próprias
conclusões. Até agora, temos coberto as declarações de três Testemunhas de
Jeová, incluindo dois anciãos e um membro do alto escalão da organização. Em
nosso próximo artigo sobre o caso Fessler, vou transcrever os testemunhos da
agressora, Terry Monheim, e da detetive que a acusou por seus crimes, Lisa
Layden.
Tendo visto as provas
apresentadas neste caso, penso naquela quente manhã de verão em Reading, Pensilvânia,
quando vi o homem com a placa que dizia: "Um ancião das Testemunhas de
Jeová me molestou"; e se havia alguma dúvida de que ele estava dizendo a
verdade, essa dúvida não existe mais.
(Esta postagem foi traduzida com a ajuda do Google Tradutor)
Gostaria
de conhecer melhor as Testemunhas de Jeová?
Então
você precisa ler meu livro
Testemunhas
de Jeová – o que elas não lhe contam?
Opções
de download aqui
O que me faz lembrar isso, são as malditas comissões judicativas, onde, os anciãos acreditando que tem autoridade, se comportam como juízes, mas de forma alguma, em bondosos e principalmente justos juízes, mas em verdadeiros carrascos, humilhando ainda mais a vítima, fazendo perguntas altamente constrangedoras e na maioria das vezes, terminando por vitimiza-la uma segunda vez! Agora aí estão eles se vendo em papos de aranha com quem tem qualificações para fazer tais julgamentos...nada mais reconfortante, não por ver uma serpente venenosa provar do próprio veneno, mas por ver a justiça sendo feita!
ResponderExcluir