Da próxima vez que uma
Testemunha de Jeová bater à sua porta, pergunte a ela quem é nosso mediador.
A Testemunha muito
provavelmente responderá que nosso mediador é Jesus Cristo. Ela pode acreditar
piamente que Cristo é o mediador dela, embora, quanto ao você, ela talvez
queira apenas ser educada ao dizer que Jesus também é seu mediador.
Mas a Testemunha de Jeová que
acredita ter a Jesus como mediador também está enganada. Segundo sua liderança,
o Corpo Governante, Jesus Cristo é mediador apenas de uma classe dentre as Testemunhas
que professam ser ungidos com espírito santo.
A Sentinela de 15 de setembro
de 1979, página 32, foi bem taxativa:
De modo que, em estrito sentido bíblico, Jesus é o “mediador” apenas dos cristãos ungidos.
Esse conceito também foi declarado na obra Estudo Perspicaz, conforme pode ser visto no Índice das Publicações da Torre de Vigia.
O que diz a Bíblia.
A declaração da Sentinela
parece ir de encontro às claras palavras de Paulo a Timóteo:
Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens [isto é, a humanidade]: um homem, Cristo Jesus (1 Timóteo 2:5).
Desde os tempos dos primeiros
cristãos, todos que aceitavam a Cristo como seu salvador pessoal tinham a ele
como seu mediador pessoal junto ao Pai.
Rejeitar a Cristo como nosso
mediador significa condenação, pois, por sermos pecadores de nascença, não
somos dignos de nos achegar diretamente ao Pai.
Esse conceito está em harmonia
com as palavras do apostolo João...
Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna (João 3:16).
...E com declarações do
próprio Jesus Cristo.
Jesus lhe respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14:6).
Cristo foi tido por mediador
de todos os cristãos pelos dois milênios que se seguiram à morte dele...Até que
chegou no cenário mundial as Testemunhas de Jeová, com sua liderança
autointitulada teocrática, que tomou para si a autonomia de ditar para os fiéis
a interpretação correta de cada versículo da Bíblia, e cuja interpretação deve
ser acatada por todas as Testemunhas, que estão sob ameaça de serem expulsas como
apóstatas, caso a rejeitem.
O que motivou o conceito
Tudo começou por volta da
década de 1930, quando Joseph F. Rutherford dividiu as Testemunhas de Jeová em
duas classes: Segundo a explicação dele, que é mantida até hoje pela liderança
atual, um pequeno grupo de Testemunhas ungidas devem completar o número de 144
mil cristãos que reinarão com Cristo no céu, ao passo que as demais, que hoje é
a vasta maioria dos membros, ficarão na Terra e serão os súditos do Reino.
Até aquela época, Cristo era o
mediador de todos os cristãos Testemunhas de Jeová, visto que membros de outras
religiões, no conceito da liderança, já só tinham a Cristo como mediador na
ilusão.
Então, depois de dividida as
Testemunhas em duas classes, Jesus Cristo foi sonegado como mediador também aos
ditos súditos.
A base da explicação está no
conceito de pactos, conforme consta na Bíblia. O Velho Testamento apresenta-nos
o pacto de Deus com a nação de Israel, que tinha a Moisés como mediador. Jesus
Cristo, segundo o Novo Testamento, é o mediador do novo pacto, conforme
versículos da carta de Paulo aos Hebreus:
No entanto, Jesus obteve agora um serviço mais excelente, porque ele é também o mediador de um pacto correspondentemente melhor (Hebreus 8:6).
É por isso que ele é mediador de um novo pacto, a fim de que os chamados recebam a promessa da herança eterna (Hebreus 9:15).
E de Jesus, o mediador de um novo pacto, e do sangue aspergido, que fala melhor que o sangue de Abel (Hebreus 12:24).
Que Jesus é o mediador do novo
pacto, isso está escrito na Bíblia. O que não está escrito é que, nos dias
atuais, apenas alguns membros dentre as Testemunhas fazem parte desse pacto que
tem a Cristo como mediador. Nenhuma Testemunha de Jeová pode abrir a Bíblia e provar,
nem mesmo para si mesma, que Jesus Cristo é mediador apenas daqueles dentre
elas que professam ser ungidos.
Esse conceito só pode ser
aceito como válido se se aceitar como válido outro conceito fundamental da
religião: aquele que estabelece que Cristo e Jeová, em 1919, dentre todas as
religiões, escolheram as Testemunhas de Jeová para representá-Los na Terra. A
validade deste conceito, por sua vez, está a depender da validade de outro:
aquele que estabelece a data de 1914 como ano em que Jesus Cristo, no céu,
tomou posse como Rei do Reino de Deus. A data de 1914, por sua vez, foi
estabelecida, segundo os cálculos da religião, com base na data de 607 a.C.,
que a religião das Testemunhas definiu como sendo a data da destruição da
Jerusalém antiga – uma data que difere em cerca de 20 anos da data estabelecida
pelos historiadores, que é 587/586 a.C. A última vez que a liderança das
Testemunhas defendeu a sua data foi em
uma série de dois artigos da Sentinela, no ano de 2011, que podem ser acessados
aqui e aqui. Estes artigos, porém, não citam um único historiador para atestar
sua fidelidade. Os artigos, que foram brilhantemente contestados por Carl Olof
Jonsson (aqui e aqui), são, em si, uma evidente prova de que a liderança das
Testemunhas de Jeová, o Corpo Governante, não pode apresentar argumentos
convincentes de que lidera a única religião verdadeira em nossos dias.
De quem Cristo é mediador
A liderança das Testemunhas de
Jeová não admite que haja cristãos verdadeiros nas religiões cristãs, ou na “cristandade”,
para usar o termo preferido do Corpo Governante. No entanto, este conceito só é
válido para os dias atuais, época em que a salvação só está disponível a quem é Testemunha de Jeová. Para a época anterior ao surgimento desta religião, que
foi por volta de 1870, o Corpo Governante admite que, pelos séculos que se
seguiram à morte de Cristo, sempre houve cristãos “ungidos”. O Corpo é
praticamente forçado a esse reconhecimento em razão da parábola do joio e do
trigo, onde Jesus Cristo disse que, depois da sua partida, sempre haveria
cristãos verdadeiro (o trigo) em meio aos cristãos falsos (o joio), bem como devido
às Suas palavras registradas em Mateus 28:20.
Falando a respeito do trigo e do joio, Jesus disse: “Deixai ambos crescer juntos até a colheita.” Essa ordem revela que, desde o primeiro século até hoje, sempre tem havido na Terra alguns cristãos ungidos comparáveis ao trigo. Essa conclusão é confirmada pelo que Jesus disse mais tarde aos seus discípulos: “Estou convosco todos os dias, até à terminação do sistema de coisas. ” (Mat. 28:20) (A Sentinela de 15 de julho de 2013, página 10).
Esses cristãos “ungidos”,
segundo a Torre de Vigia, pertenciam a diferentes religiões bem como também
podiam ser encontrados entre os que apostataram das religiões principais.
A Sentinela de janeiro de
2012, página 7, sob o título “Os cristãos verdadeiros respeitam a palavra de
Deus", citou alguns exemplos:
Numa parábola, Jesus indicou que, do primeiro século em diante, sempre haveria na Terra alguns genuínos cristãos ungidos. Ele os comparou a “trigo” crescendo no meio de “joio”. (Mat. 13:30) Naturalmente, não podemos dizer com certeza quais pessoas ou grupos pertenciam à ungida classe do trigo, mas podemos afirmar que sempre houve alguns que corajosamente defenderam a Palavra de Deus e expuseram os ensinos não bíblicos da Igreja. Vejamos alguns exemplos. O Arcebispo Agobardo, de Lião, França (779-840 EC), pronunciou-se contra adoração de imagens, igrejas dedicadas a santos e liturgias e práticas não bíblicas da Igreja. Um de seus contemporâneos, o Bispo Cláudio, também rejeitou as tradições da Igreja e objetou a orações a santos e veneração de relíquias. No século 11, o Arquidiácono Berengário de Tours, França, foi excomungado por ter rejeitado o ensino católico da transubstanciação. Além disso, ele sustentava que a Bíblia é superior às tradições da Igreja.
O livro Proclamadores do
Reino, página 44, também cita exemplos de possíveis cristãos verdadeiros:
O verdadeiro cristianismo nunca foi completamente eliminado. Através dos séculos sempre houve os que amaram a verdade. Mencionando-se apenas alguns: João Wicliffe (c. 1330-1384) e Guilherme Tindale (c. 1494-1536) promoveram a tradução da Bíblia com o risco de sua própria vida ou liberdade. Wolfgang Fabrício Capito (1478-1541), Martin Cellarius (1499-1564), João Campanus (c. 1500-1575) e Thomas Emlyn (1663-c. 1741) aceitaram a Bíblia como Palavra de Deus e rejeitaram a Trindade. Henry Grew (1781-1862) e George Storrs (1796-1879) não só aceitaram a Bíblia e rejeitaram a Trindade, mas também expressaram seu apreço pelo sacrifício de resgate de Cristo. Embora não possamos identificar positivamente nenhuma dessas pessoas com “o trigo” da ilustração de Jesus, certamente “Jeová conhece os que lhe pertencem”. — 2 Tim. 2:19.
Se esses eram cristãos
verdadeiros, então tinham eles a Jesus Cristo como mediador, independente de se
pertenciam à religião católica, a religiões evangélicas, ou a nenhuma dessas. O
Corpo Governante não pode negar esse fato, a menos que negue que houve cristãos
verdadeiros por toda a era cristã até agora.
O Corpo Governante refere-se a
esses cristãos como “ungidos”, mas este termo é absolutamente desnecessário,
uma vez que, segundo ele própria, somente por volta da década de 1930 passou a
haver cristãos verdadeiros não-ungidos.
O fato é que, segundo o
próprio Jesus Cristo, sempre houve e sempre haverá cristãos verdadeiros
espalhados por todas as igrejas, e fora delas, por toda a era cristã, que se
estenderá até sua volta, quando ele enviará os anjos e fará a separação entre o
joio e o trigo.
Todos estes fazem parte do
novo pacto e, portanto, Jesus Cristo, o mediador do novo pacto, é mediador de
cada um deles.
Edição de 17 de junho de 2017
Em algumas páginas do facebook
onde este artigo foi divulgado, Testemunhas e Jeová, talvez mesmo sem vir no
blog e ler a postagem, contestaram as minhas afirmações com este artigo do site
JW “Por que orar no nome e Jesus”. Este
artigo da Torre de Vigia não contraria a afirmação dela de que Jesus é mediador
apenas dos ungidos Esses dois entendimentos coexistem na doutrina TJ. As
Testemunhas são incentivadas a orar “em nome de Jesus”, enquanto se afirma que
ele é mediador apenas dos que professam ser ungidos. Que Jesus é mediador
apenas dos ungidos, foi reafirmado recentemente, na revista A Sentinela de 15 de janeiro de 2015, parágrafo 14, conforme pode ser visto abaixo.
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Por mais que mostremos exemplos claros nas publicações quando estas afirmam que Jesus só é Mediador de 144 mil, muitas TJs continuam na teimosia afirmando algo que vai contra sua liderança. E ainda somos taxados de mentirosos, mesmo quando as provas estão aí expostas!
ResponderExcluirDaniel 12:
ResponderExcluir4. E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.
10. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados;
mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá,
mas os sábios entenderão.
.
http://osfilhosdaultimageracao.blogspot.ro/2017/06/a-besta-ferramenta-de-punicao.html
.
Olá Lourisvaldo! Mais uma excelente matéria, e com certeza um das falhas mais graves das Tjs, pois ao se darem conta dela, muitos abriram os olhos e saíram da organização, outros se permitiram fazer uma pesquisa independente e fizeram o mesmo depois de descobrir outros erros graves dela. Abraços!
ResponderExcluirEu saí. Hoje sou da igreja pentecostal Lirio dos Vales no Rj.
ResponderExcluirBoa sorte, no dia de Cristo . você vai precisar. Mas vai se decepcionar, quando ver que Deus é uma só pessoa, não três.
ExcluirBoa noite Lourivaldo.
ResponderExcluirAcho muito interessante as suas postagem esclarecedora, e tenho certeza que já abriu os olhos de muita gente que estavam cegas. Eu já estava ate estudando a bíblia com eles, e depois com calma vim lendo todas as suas postagem e também deixei de estudar com eles. Um feliz domingo. Abraços.
A bíblia é comparada a um quebra - cabeça. Para termos uma imagem completa temos que juntar cada peça. Uma se encaixa na outra. Portanto, para termos o entendimento, ou visão completa, da bíblia, temos que deixar ela se interpretar a si própria. É isso que as testemunhas de Jeová fazem: permitem que a bíblia intérprete a si mesma. Os de fora, que preferem suas próprias interpretações, nunca a compreenderão plenamente. Verão apenas um borrão, nunca uma imagem definida de tudo o que ela ensina.
ResponderExcluirUma testemunha de Jeová nunca deixa q a bíblia seja interpretada por ela mesma.Im exemplo disso é a utilização de diversas publicações disponíveis no jw,como tbm impresso.Deixo um desafio para os tjs q lêem o blog...ou essa matéria...ou esse comentario : leiam unicamente a bíblia ...estudem unicamente a bíblia sem o auxílio das publicações do corpo governante p ver se a própria Bíblia cai se interpretar por so mesma. Os tjs acham que conseguem interpretar a bíblia com perfeiçao, mas o que elas não se tocam é que não se explica o inexplicável...nem interpreta o interpreta ele (as coisas de Deus). As tjs, ou o corpo governante...gosta muito de serem os expert nos assuntos de Deus,mas elas não se tocam que não entendem a solutamente nada ....e querem ir além das próprias palavras da bíblia. Ficam só nos "achismos"... Suposições toscas e invencoes. Pronto falei!
ResponderExcluirEsqueci de parabenizar o amigo Lourival. Parabéns pelo ótimo artigo!
ResponderExcluirMuito obrigado!
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