sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Esboços para a próxima visita do SC (análise)

Talvez não seja nenhuma novidade dizer que a Torre de Vigia já não consegue mais manter seus segredos. Há três décadas, depois que Raymond Franz tornou público que o Corpo Governante, tal qual uma corporação, não é lá tão digno da honra que tanto deseja, creio que poucas Testemunhas imaginavam que, algumas décadas mais tarde, a todo momento teríamos "vazamentos", como cartas, livros secretos, e esboços - tudo facilitado pelo advento da internet. Em confirmação disso, mais uma vez temos circulando pela rede mundial de computadores as "novidades" da Torre de Vigia: os esboços para as próximas visitas do Superintendente de Circuito (SC), que se estenderão de setembro a fevereiro. Eles estão em espanhol e podem ser baixados deste endereço.  

Desculpa insistir, mas preciso considerar em mais detalhes essa obsessão pelo segredo de informações que a Torre de Vigia instituiu. Nesse particular, preciso contar aqui sobre a primeira vez que coloquei as mãos no livro Organizados Para Efetuar Nosso Ministério (o atual Organizados para Fazer a Vontade de Jeová), ainda na minha condição de estudante; ele fora inadvertidamente deixado sobre uma mesa a que tive acesso e, por curiosidade, comecei a folheá-lo, mas só até o momento em que fui flagrado. O proprietário, um Servo Ministerial e meu instrutor, rapidamente avançou sobre mim e, de solavanco, me tirou o livro das mãos. Disse-me que eu não tinha permissão para lê-lo, não antes de estar preparado para o batismo. Aquele episódio ficou indelevelmente marcado em minha memória, e agora, sempre que me deparo com informações sigilosas da Torre de Vigia, ele me surge tal qual fantasma. 

Então, desde que comecei a investigar a Torre de Vigia, como parte do meu processo de libertação, tenho-me perguntado sobre qual a base bíblica que dar suporte ao Corpo Governante para que tenha tantas informações sigilosas, e que suas reuniões de cúpulas sejam a portas fechadas, realizadas sob o mais alto sigilo, sendo que até seus assessores mais próximos são proibidos de estar presente.  Sobre as reuniões de cúpula, se o objetivo é não permitir que as Testemunhas tomem conhecimento das discussões acaloradas que certamente há, deveriam se lembrar que os evangelhos contam em detalhes o relacionamento de Jesus Cristo com os apóstolos, sendo que há neles detalhes que, sinceramente, creio que alguns apóstolos gostariam que fossem omitidos. O apóstolo Paulo fala de uma reprimenda que deu ao apóstolo Pedro, e longe de isso deixar Pedro magoado indefinidamente, temos, ao contrário, ele se referindo ao missionário como "nosso amado irmão Paulo". O sigilo das cartas aos anciãos, a meu ver, também não têm suporte bíblico. Timóteo e Tito eram anciãos e temos três cartas paulinas dirigidas a eles - e nenhuma delas secreta. O que Paulo escreveu a esses anciãos eram regulamentos e conselhos de que todas as congregações podiam saber, de modo a estarem em condições de julgar se esses anciãos estavam seguindo tais conselhos e orientações, ou se não estavam "indo além das coisas escritas". Hoje, quando uma Testemunha de Jeová questiona a decisão de um ancião, ele pode dizer que está seguindo orientações das cartas, coisa que não tem obrigação de provar e nem sequer a liberdade de o fazê-lo. Em razão desse sigilo, especialmente com relação aos regulamentos que envolvem os julgamentos nas comissões judicativas, as Testemunhas ficam a mercê da veneta e inclinação geral dos anciãos, e sem nenhuma garantia de que terão um julgamento justo. A respeito disso, somente o receio de consequências desagradáveis me parece justificar essa atitude da liderança, e como ela tomou para si o direito de legislar sobre a vida dos fiéis, nada a impede de legislar em causa própria - simples assim. 

Reunião com pioneiros e missionários

Não tenho conhecimento do conteúdo de reuniões anteriores, mas surpreende-me o fato de que o conteúdo do esboço não diz absolutamente nada além do que pode ser lido em tantas outras publicações. Isso confirma para mim o que já escutei de muitas ex-Testemunhas, isto é, de que uma reunião exclusiva com os pioneiros é apenas uma forma de dar a eles a ilusão de que são especiais para a organização. 

O que segue é o esboço resumido apenas em seu título e subtítulos:

Reunião com pioneiros e missionários
  • ·        Por que devemos estar ‘nutridos com as palavras da fé’
  • ·        Os benefícios de estar nutridos espiritualmente
  • ·        Tenha um bom programa de alimentação espiritual
  • ·        Ajude a outros a se beneficiar de alimento espiritual
  • ·        Nunca se descuide de sua alimentação espiritual


Depois do terceiro subtítulo, podemos ler a seguinte pergunta:


O que seria os ensinos básicos da Bíblia? Na visão das Testemunhas de Jeová, muito provavelmente seria o resgate, a ideia do paraíso, os 144 mil, a mortalidade da alma e a consequente inexistência dum inferno de fogo. Assim, quando a citação acima remete a uma A Sentinela, presume-se que o leitor será levada assuntos mais complexos. Será exatamente isso? A revista citada propõe um teste de conhecimento, como citado a baixo:



Mas ao esmiuçar o conteúdo dos versículos citados, a revista nada mais do que reforça o conceito que a Testemunha já tem dos mesmos ensinos básicos da Torre de Vigia, que, aliás, longe de ser uma garantia de ser verdades bíblicas, são meramente a interpretação que a organização tem desses assuntos.  O curioso aqui é que a passagem bíblica tomada para exame foi cuidadosamente selecionada, pois teria que ser algo de que os autores estivessem bastante seguros de que tão cedo não seria alvo de ajustes. Por exemplo, imaginem que tomassem para exame a seguinte declaração de Jesus Cristo:

Eu lhes garanto que esta geração de modo algum passará até que todas essas coisas aconteçam (Mateus 24:34).

Conforme explico no terceiro capitulo de meu livro, a interpretação desse versículo já sofreu vários ajustes, três deles nos últimos 20 anos, e o último em 2010. Como se não bastasse essa insegurança a respeito do que exatamente essas palavras querem dizer, é um fato inegável que essas interpretações estão diretamente relacionadas com a data de 1914, a respeito da qual já se apresentou provas incontestáveis de que é histórica e biblicamente indefensável, e é exatamente sobre a data de 1914 que se ergue toda a reivindicação da liderança de que foi escolhida por Deus para representa-Lo na Terra. Portanto, se há um ensino vital para a organização Torre de Vigia, esse ensino é a data de 1914. Sem essa data, a religião é um cadáver, tanto quanto o é aquele paciente da UTI a respeito de quem se lhe tirou a máscara de oxigênio. Depois, convocar as Testemunhas a testarem seu conhecimento da Bíblia, usando para isso uma passagem neutra, soa mais como soltar uma cortina de fumaça com o fim de transparecer grande estabilidade aos fiéis, quando na verdade, estão todos em um navio que lentamente está indo a pique.

Debaixo do subtítulo seguinte, outro detalhe me chamou a atenção. Trata-se da preparação de discípulos para o serviço de pregação e para o batismo. Será que as Testemunhas de Jeová tomam o cuidado para se assegurar que pessoas não sejam precipitadamente induzidas a darem esses passos? 


Creio que dificilmente se poderia dizer isso a respeito da pessoa que está sendo batizada na imagem abaixo.


Assim como Miller, de nove anos, todo ano talvez centenas de crianças com a mesma faixa etária (ou menos) são empurradas para o batismo como Testemunhas de Jeová. Isso mesmo, a palavra “empurrada” foi usada de propósito, pois, a julgar pelas cobranças que se fazem a Testemunhas batizadas, bem como o emaranhado de explicações necessárias para se justificar diversas doutrinas, é quase impossível que uma criança aprenda tudo isso e tenha plena consciência das consequências de sua decisão. Por esses mesmos motivos, até mesmo um adulto pode não estar preparado para o batismo. Como demostrei no primeiro capítulo de meu livro, a pessoa é levada ao batismo apenas com um conhecimento rudimentar das doutrinas da religião, e, depois que se batiza, fica proibida de investigar as doutrinas em outras fontes, que não seja a própria literatura da Torre de Vigia. Em razão disso, soa como piada que a Torre de Vigia esteja a advertir aos pioneiros que não se precipitem em conduzir pessoas ao ministério e ao batismo.

Reunião com anciãos e servos ministeriais

O que segue é o esboço resumido apenas em seu título e subtítulos.

Reunião com anciãos e servos
  • ·        Jesus nos deu exemplo
  • ·        Encorajem os publicadores no ministério
  • ·        Seja um alívio reconfortante para o corpo de servos designados
  • ·        Encoraje a sua família
  • ·        Cubra o território sistemático e cabalmente
  • ·        Conclusão
  • ·      (pedir a Servos Ministeriais que se retirem, para a reunião seguir apenas com os anciãos).


Debaixo do primeiro subtítulo, o esboço considera o exemplo que Jesus Cristo deu em animar às pessoas que se chegavam a ele. Em razão desse exemplo, os anciãos e servos são exortados também animarem à congregação, e fornece uma ilustração que merece observações.


Não posso deixar de elogiar essas palavras. Isso descreve com perfeição o exemplo de Jesus Cristo, em especial, quando lidava com pecadores.  Segue a Torre de Vigia esse exemplo?  Bem, é verdade que a sua literatura exorta a que os anciãos cuidem do rebanho, mas, como todo ancião pode confirmar, esse trabalho de pastoreio não pode ser contado como horas gastas no ministério; em razão disso, quando há trabalho de pastoreio, geralmente este é feito por anciãos que, voluntariamente, sacrificam do seu próprio descanso e do tempo dedicado à família, ou ainda, quando põem em segundo plano o trabalho de pregação e os serviços burocráticos. No geral, o trabalho de pastoreio é escasso nas congregações das Testemunhas de Jeová. Ao contrário, quando se toma conhecimento de que uma Testemunha cometeu um pecado grave, é impressionante a rapidez com que os anciãos se movimentam para trazer o pecador a um tribunal religioso. Depois disso, ele pode ser expulso da congregação, segundo se explica, para cumprir a regra de 1º Coríntios 5. Desse dia em diante, ele será tratado como morto pelos anciãos e por toda a congregação, e nem sequer a sua família poderá exortá-lo à base da Bíblia. Nessa condição, o pecador terá que esperar muito tempo, talvez um ano ou mais, até poder ter seu caso examinado pelos anciãos. Quanta diferença isso tem da situação daquela pecadora que se chegou a Jesus Cristo e lavou seus pés com lágrimas! Quanta diferença isso tem da parábola do filho pródigo, que, sentindo-se arrependido, decidiu voltar a seu pai e propor-lhe que lhe fizesse ao menos um dos empregados! Nenhum desassociado pode dispor dessa receptividade por parte dos anciãos. E quando o tiver, será à base de uma reavaliação, tal qual passa o prisioneiro, que tem seu caso avaliado para saber se estar apto a viver em sociedade. Referente ao meu caso, os anciãos avaliaram meu pedido para voltar e disseram NÃO, assim, friamente, sem nenhuma misericórdia.

Como pretendem curar assim? Figurativamente, uma vez que consideram que uma flor não cuidada desfalece, mesmo sendo ainda uma Testemunha ativa, embora carente de atenção, como pretendem recuperar um pecador dispensando-lhe o mais intenso desprezo, tratando-o tal qual ele seria tradado pelos fariseus dos dias de Jesus Cristo?  Muitas vezes escutei da tribuna algum ancião dizer que uma Testemunha que se isola é como uma formiga longe do formigueiro, que está exposta a todo tipo de perigo e indefesa. Se esse raciocínio é válido, que sentido há em enxotar para longe da fraternidade aquele pecador, exatamente numa fase em que ele mais precisa de apoio para se recuperar espiritualmente?

Diante disso, mais uma vez me soa contraditório que a Torre de Vigia cobre dos anciãos que sigam o exemplo de Jesus Cristo em animar o rebanho. Reanimar o rebanho que está bem, enquanto joga ao relento quem mais precisa de calor humano, a meu ver, quem assim o faz, esqueceu por completo as palavras de Jesus Cristo a respeito de quem realmente precisa de médico.

Debaixo do quarto subtítulo, o esboço considera que os anciãos devem encorajar a sua família.

Não há dúvidas de que entre as Testemunhas de Jeová há casais em que o marido, ancião, é amável para com a esposa, dispensando-lhe todo o apoio e atenção que ela precisa. Eu pessoalmente conheci casais assim; mas também conheci outros (anciãos) que tinham a esposa apenas como uma serviçal, ali apostas para servi-lo e servir aos amigos, não sendo nem digna de uma conversa amável tal qual eles tinham com outros irmãos e irmãs. Naturalmente, essas são apenas as minhas impressões, e podem ser que sejam superficiais e equivocadas, mas era para mim demasiadamente incômodo que um marido considerado cristão fosse assim não rude para com a esposa.

Mas no geral, para o ancião que procura seguir à risca as suas obrigações, que envolve muitos trabalhos burocráticos, preparação de discursos e mais discursos, serviço de campo aos fins de semana e até durante a semana, sendo que alguns até são pioneiros regulares, além de trabalharem para sustentar a família, muitas vezes em uma ocupação que lhe tomam inteiros cinco ou seis dias da semana, não deveria ser nenhuma surpresa que tempo de qualidade para dedicar à esposa e filhos é coisa que eles geralmente não possuem. 

A Torre de Vigia certamente conhece esse problema, mas é significativo o que podemos ler no esboço em exame:


Sim, a família de um ancião merece elogios porque, em razão de cuidarem praticamente sozinha dos deveres de casa, permite ao ancião ter tempo de qualidade para os afazeres da Torre de Vigia. Essa é uma realidade crua para talvez milhares de casais de Testemunhas espalhados pelo mundo. Não deveria surpreender-nos, portanto, que muitos casamentos tenham sido arruinados em razão disso, havendo até um sincero reconhecimento disso na literatura da Torre de Vigia (Veja A Sentinela de 15 de agosto de 2012, página 28).

Ainda no esboço desta reunião como os Anciãos e Servos, já depois da conclusão, podemos ler um delicado pedido, que é como segue; uma das razões desse pedido compreende-se facilmente.



Até há uns quatro anos, quando eu ainda frequentava as reuniões das Testemunhas de Jeová, havia em suas dependências dois cofres de madeira, bem simples e rústicos, com etiquetas em um indicando “Donativos para a obra mundial”, e em outro, “Donativos para as despesas da congregação” – se me recordo claramente. Ao que parece, ainda é assim. As Testemunhas de Jeová, ao dispor de algum dinheiro que desejam doar para a organização Torre de Vigia, podem escolher o destino, se o colocam no primeiro ou no segundo cofre. O dinheiro do primeiro cofre é enviado na sua totalidade para a filial da Torre de Vigia; o dinheiro do segundo cofre fica em poder da congregação, geralmente em uma conta bancária, para cobrir despesas básicas, como água, energia, materiais de limpeza e outros. Então, como podemos ler no esboço, a Torre de Vigia até estipulou uma quantia média para a congregação fazer frente às suas necessidades básicas, certamente com base em uma média de gastos de meses anteriores. E o que acontece se essa conta passar a dispor de dinheiro além do necessário?  Como vimos, os anciãos devem ser incentivados a doarem essa quantia excedente para a organização. Nada de mais haveria nisso se, em razão de uma necessidade emergencial, a congregação pudesse recorrer à filial que lhe devolvesse essas quantias enviadas, mas isso simplesmente não existe. Como única alternativa, os anciãos precisam subir à tribuna e pedir mais dinheiro às Testemunhas, que, muito provavelmente, nunca serão avisadas de que lhes foram tiradas toda a reserva de seus preciosos donativos.

Que isso é uma medida covarde e vergonhosa, nota-se pelo fato de que os Servos Ministeriais foram dispensados de modo a não tomarem conhecimento disso e repassarem  a outras Testemunhas, que, muito provavelmente, algumas dentre elas não ficariam nada satisfeita com tal atitude por parte da Torre de Vigia. Logicamente, sem saberem disso, elas certamente estarão mais dispostas a doarem sempre que anciãos subirem à tribuna e erguerem um papel referente a despesas emergenciais.

Discurso público
O que segue é o esboço resumido apenas em seu título e subtítulo.

Está este mundo condenado à destruição?
  • ·        Muitos têm medo do futuro que aguarda este mundo.
  • ·        Deus está a par da angústia da humanidade
  • ·        Como será a destruição que trará Deus?
  • ·        Quando destruirá Deus este mundo?
  • ·        Você pode sobreviver à destruição que aguarda este mundo.


Este discurso é geralmente feito aos sábados ou aos domingos, e pessoas do público são convidadas a estarem presentes. Em razão disso, geralmente é um tema de interesse amplo, que procura difundir as crenças das Testemunhas de Jeová referente à interpretação delas de que, em breve, segundo a Bíblia, haverá um paraíso na terra, onde só viverão pessoas obedientes a Deus.

Neste esboço, a Torre de Vigia não poderia fugir ao seu costume de procurar criar monstros aterrorizantes para mostrar que este mundo está à beira do caos, com seus governos cada vez mais impotentes diante de monstros invencíveis. E como cria ela esses monstros? Vejamos:



São quase os mesmos argumentos de há mais de 100 anos – e sem que o fim nunca der as caras. De fato, a Torre de Vigia parece apostar no quanto pior melhor. Quanto pior estiver o mundo, quanto mais insegurança, quanto mais instabilidade econômica, quanto mais houver doenças fora de controle, mais isso serve ao seu proposito de anunciar o fim do mundo.

E contrário ao que a Torre de Vigia diz em seu esboço (veja a parte sublinhada), este mundo já esteve em condições piores. Estivemos muito mais próximo de uma guerra nuclear do que agora; estivemos bem mais em risco de epidemias globais do que agora (caso da gripe espanhola); em séculos passados, para milhões de pessoas, este mundo foi muito doloroso de se viver, e, como exemplo, temos a colonização da África e da América, que resultaram em muita dor e lágrimas para comunidades inteiras de negros e índios, os quais, além de terem sido mortos às centenas de milhares, foram também expostos a epidemias incontroláveis, a exemplo da varíola. Para essas pessoas, a morte de alguém querido era tão dolorosa quanto o é agora para um homem branco, e se agora isso está apenas nos livros de história, é porque assim preferimos, uma vez que podemos valorizar a nossa dor e imaginar que sofremos mais do que todo mundo, e que ninguém mais sofreu tanto quanto sofremos.

Também, contrariando a vontade da Torre de Vigia, este mundo está muito mais sobre controle do que esteve em épocas anteriores. Agora dispomos de hospitais, temos remédios, há mais capacidade de fazer frente a epidemias localizadas ou globais, temos democracias consolidadas, legislações que são respeitadas a níveis internacionais e asseguradas liberdade de expressão; e se é verdade que há inúmeras cidades que imperam a violência, também é verdade que há inúmeras cidades consideradas seguras para se viver, e tudo isso foram conquistas da sociedade moderna – a respeito da qual a Torre de Vigia diz que está chegando à beira do caos.  E é lógico, para pintar o seu mostro invencível, todas essas conquistas são omitidas em seu esboço.

Mas quanto efeito isso têm na assistência? Sobre isso, posso aqui dizer que, enquanto fui Testemunha de Jeová, eu tinha muito mais medo deste mundo do que tenho agora. Como dedicado leitor que eu era das revistas A Sentinela e Despertai!, eu realmente sentia que a qualquer momento podia alguma coisa fugir do controle e este mundo mergulharia numa guerra civil desesperadora, ou até mesmo, inesperadamente, alguém, em algum lugar, podia acionar um botão de dar início a uma guerra nuclear. Sim, a sinistra propaganda da Torre de Vigia tem poder de tocar corações mais sensíveis, de modo que mesmo agora, milhares ou milhões de Testemunhas também devem estar vivendo às sombras de um mostro – imaginário, é verdade, mas que se mostram tão vulneráveis que são incapazes de se libertarem de tamanho pesadelo.

Discurso de serviço
O que segue é o esboço resumido apenas em seu título e subtítulo.

Sigamos pelo “caminho de santidade” que levará ao Reino de Deus
  • ·        Um antigo caminho de santidade
  • ·        O começo de um caminho de santidade em nosso tempo
  • ·        Quem pode transitar pelo caminho de santidade?
  • ·        Não nos desviemos para os lados da caminho
  • ·        Siga o caminho para as bênçãos eternas do Reino


Este discurso será proferido depois do estudo de A Sentinela. É baseado em uma passagem de Isaías, que é como segue:

E ali haverá uma estrada, sim, um caminho chamado Caminho de Santidade. O impuro não passará por ele. Será apenas para aquele que anda no caminho; nenhum tolo vagueará nele (Isaias 35:8).

A primeira coisa que me chamou a atenção neste discurso foi a aplicação que o Corpo Governante faz deste versículo. Como talvez deve se lembrar o leitor, a Torre de Vigia, no ano passado, em sua revista A Sentinela de 15 de março, publicou que estava abandonando o conceito de tipo e antítipos, o qual lhe permitia atribuir uma aplicação futura de quase qualquer coisa ou acontecimento registrado na Bíblia Sagrada. A partir de agora segundo a revista, apenas seria considerado antítipos as passagens bíblicas que claramente indicavam haver um antítipo para o que se dizia. Porém, se for arranjado um antítipo para essas palavras de Isaías, que mais passagens também não poderão dispor de antítipos? Isso, a meu ver, nada muda em relação ao entendimento de antes de 2015.

Independente disso, a aplicação que a Torre de Vigia faz do versículo visa reforçar o conceito de que nenhum “impuro” pode permanecer na organização, que caminha em direção a um novo mundo. A Torre de Vigia tem-se vangloriado de que entre as Testemunhas de Jeová não há lugar para fornicadores, adúlteros, ladrões, homossexuais e uma infinidade de outros comportamentos considerados inaceitáveis pela religião, como, por exemplo, apontar erros nas doutrinas da religião.

Nesse respeito vale citar aqui Apocalipse 21:8, que cita essencialmente muitos pecados pelos quais muitas Testemunhas de Jeová são desassociadas todos os anos.

Mas os covardes, os que não têm fé, os que são repugnantes na sua sujeira, os assassinos, os que praticam imoralidade sexual, os que praticam ocultismo, os idólatras e todos os mentirosos terão a sua parte no lago que queima com fogo e enxofre.  Esse representa a segunda morte.

Sabe qual é o diferencial nesse versículo? Ele inclui os mentirosos entre os que não terão o favor de Deus no Dia de Julgamento. Que a Torre de Vigia se lembre disso todas as vezes que considerar a possibilidade de estar mentindo aos féis, assim como aconteceu todas as vezes que fez falsas afirmações, como marcar a data da volta de Cristo para 1914, 1925, e fazer milhões alimentar a expectativa de que Cristo voltaria em 1975, além de afirmar que ele voltaria antes que morresse a geração de 14. Todas essas foram grandes mentiras contadas pela Torre de Vigia, mas que, contrário ao que acontece a milhares de Testemunhas todos os anos, as quais são enxotadas para fora das congregações sob a desculpa de que o ambiente precisa ser mantido imaculado, a Torre de Vigia, na pessoa de sua liderança, o Corpo Governante, permanece impune. Claro, tal qual um rei que legisla, julga e executa, ela fica impossibilitada de aplicar a lei a si mesma. Está aí, claramente, uma boa justificativa para o uso do termo “teocracia”.

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2 comentários:

  1. Meu Deus,
    Não entendi nada. Não gosto dessa religião.
    Nada deve ser imposto, temos que escolher o certo sem judiar dos pequeninos.
    Beijos
    Dorli

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  2. Ótima matéria! e é exatamente assim...Quanto a desassociar para manter limpa a congregação,chega a soar ridículo.Se fosse colocado numa balança os pecados do mais rebelde transgressor com os da Torre de Vigia,com certeza,ela despencaria pro lado da Torre...como bem explicado no último parágrafo,o CG se acha como um juiz acima do bem e do mal,esquece que os olhos de Jeová estão em todo lugar vigiando os bons e os maus...eles sim é que devem temer a ira de Deus.Quanto aos donativos me surpreendi com mais essa atitude malandra,pra ser educada,do CG.Conheci uma irmã que fazia pão pra vender para as próprias irmãs para poder colocar o donativo,outras que davam um dia do seu trabalho como manicure,cabeleireira,toda semana reunindo também as próprias irmãs para arrecadarem os donativos,com certeza,nem imaginam que isso aconteça com os donativos para o salão local...de certo separavam uma parte para cada fim e assim acham que ficava... A respeito de titanizar(kkkk...será que existe esse termo?),também funcionava comigo,qualquer notícia ruim,eu pensava...Meu Jeová,o Armagedom deve estar muito perto mesmo! Agora,lembro o que a Bíblia diz...basta a cada dia o seu próprio mal.Tento viver a vida da melhor forma possível,procurando fazer o bem,orando e meditando na palavra dele,mas sem aquelas correntes que insistiam em me prender,até em pensamentos,num lugar que já me sentia triste e depressiva e pra qualquer lugar que olhasse,encontrava tudo,menos o amor Cristão...me sinto uma priviligiada agora,por não ter muitas pessoas que me farão falta aqui fora,mesmo as que eu levei,não me deram crédito quando tentei alerta-las,mas já algum tempo não fazem mais parte da minha vida.Parabéns pela matéria!

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