Canonicidade: quão válida é a discussão?

Quem procura se familiarizar com o livro chamado Bíblia, logo faz uma constatação: que não são só uma, mas duas Bíblias, a do católico e a do crente.  Depois descobre que a diferença em verdade é que a Bíblia do crente tem sete livros a menos, os quais são chamados de apócrifos por estes, e pelos católicos, de deuterocanônicos.

Nos muitos anos em que fui Testemunha de Jeová, no serviço de visita aos lares, confrontei-me com muitos católicos sinceros, os quais, em nossas palestras, faziam questão de pegar a sua Bíblia na estante e logo diziam gostar mais dessa (da dele) por ser a Bíblia completa. 

Em minha defesa, em defesa da Bíblia evangélica, algumas vezes expus alguns contra-argumentos, outras vezes não disse nada.

Mas nos dias de hoje, refletindo um pouco na questão, vejo quanta futilidade há nesses debates.

Que Deus existe, não tenho dúvidas; que ele orientou a escrita de livros, também não duvido; que há livros “estranhos” requerendo o status de sagrado está mais que provado (há mais de 100 livros supostamente escritos pelos primitivos cristãos, mas ainda não aceitos como canônicos). Agora que Deus parece ter deixado a critério dos homens decidirem que livros lhes são úteis, isso me parece evidente.

Parece-lhe ridículo esse raciocínio? Eu acho.

Mas igualmente ridículo é esperar que o João do Campo, que nada entende de canonicidade, seja julgado para a vida ou para a morte, apenas porque escolheu a “Bíblia” errada.